A volta à Copa do Mundo
Em 2018, o Marrocos estava de volta à uma Copa do Mundo depois de vinte anos sem disputar a competição. A geração capitaneada por Mehdi Benatia, então jogador da Juventus, terminou a fase grupos do torneio com apenas um ponto. Contudo, deve-se levar em consideração que a seleção caiu em uma chave difícil, ao lado de Portugal, Espanha e Irã.
Na estreia, derrota para o Irã com gol contra sofrido aos 95 minutos de jogo. Diante de Portugal, a seleção africana dominou o jogo, teve oportunidades de vencer, mas Cristiano Ronaldo desequilibrou o confronto e deu a vitória aos lusitanos. Na última rodada, frente à Espanha, mais uma boa partida do Marrocos e um empate em 2×2. Assim, a seleção se despediu da Copa na última colocação do grupo B com alguns pontos positivos e promissores para o futuro.
Passados dois anos e meio daquela Copa, a seleção marroquina apresentou um processo interessante de reformulação no elenco. Os principais nomes agora estão mais maduros e experientes e, aos poucos, novas opções em todos os setores vão surgindo para o time africano.
Marcando presença na Europa
Os jogadores marroquinos têm ocupado cada vez mais espaço nas importantes ligas europeias. Uma prova disso é a última rodada da Champions League (03 e 04 de novembro). Nela, oito marroquinos entraram em campo pelos 32 times do torneio. É um numero expressivo em se tratando de um país sem tanta tradição no futebol. Para efeitos de comparação, o Uruguai, muito mais sólido no esporte do que o Marrocos, também contou com oito atletas na mais recente rodada de Champions.
Um ponto interessante que chama a atenção nos jogadores marroquinos é o fato de que a maioria deles não nasceu no Marrocos. Grande parte tem a Europa como local de nascimento, principalmente Espanha, França e Holanda. Para a próxima Data FIFA, dos 26 convocados, apenas 9 nasceram no país que defendem.
Os destaques
Feito este panorama do passado recente e da atualidade sobre a seleção marroquina, cabe agora um destaque para os principais nomes da geração. E não há como falar de Marrocos sem citar Hakim Ziyech. Depois de ótimas temporadas pelo Ajax, o meia atacante se transferiu para o Chelsea e vem tendo um início de temporada muito bom. O jogador de 27 anos é o principal expoente da geração marroquina e alia habilidade, velocidade e técnica. Chegará para uma eventual Copa do Mundo de 2022 mais experiente e rodado em jogos grandes do que chegou em 2018, quando já era um dos principais nomes do país.
Nos últimos anos, o Sevilla se tornou um verdadeiro celeiro de jogadores marroquinos. Atualmente, a equipe conta com o goleiro Bono (29) e os atacantes Idrissi (24), En-Nesyri (23) e Munir (25). Este último, entretanto, vive um drama no Tribunal Arbitral do Esporte. O jogador já havia defendido a seleção espanhola e tenta se valer das novas regras da FIFA para vestir a camisa do Marrocos, mas vem encontrando dificuldades para realizar seu sonho.
A Eredivisie, liga nacional holandesa, recebe, todas as temporadas, muitos atletas do país do norte da África. Por lá passaram os já citados Ziyech e Idrissi, jogando por Ajax e AZ Alkmaar, respectivamente. Atualmente, o campeonato conta com nomes interessantes que vêm sendo convocados com frequência para a seleção. Destaques para Mazraoui (22) e Labyat (27), ambos do Ajax, e Aboukhlal (20), do AZ Alkamaar. As ligas da Alemanha e da França também contam com um punhado de jogadores provenientes do Marrocos. À exemplo do Sevilla, o Schalke 04 também tem um elenco repleto de marroquinos. O lateral esquerdo Mendyl (23) e os meias Harit (23) e Boujellab (20) defendem os azuis de Gelsenkirchen.
Da Ligue 2 francesa vem um dos principais nomes marroquinos neste início de temporada. Apesar da campanha modesta do Nancy, o meia atacante Amine Bassi (22) é o principal jogador da competição até aqui. Não se pode esquecer também daqueles na Séria A italiana. São os casos de Hakimi (22), lateral direito da Internazionale e que na seleção marroquina joga como ponta direita, e do meia Sofyan Amrabat (24), da Fiorentina.
Há espaço para os experientes
Além dos jovens com potencial animador apresentados acima, a seleção marroquina também conta com nomes mais experientes que podem ajudar tanto nas eliminatórias que se iniciam em 2021, quanto na Copa do Mundo de 2022, caso consigam a classificação. O mais famoso deles é o do zagueiro Benatia (33). Depois de defender Bayern de Munique e Juventus, o jogador atualmente veste as cores do Al Duhail, do Catar. Outro zagueiro na faixa dos 30 anos é Saiss (30). Diferente do anterior, este ainda atua em um campeonato de alto nível, isto porque o defensor canhoto joga pelo Wolverhampton, da Premier League inglesa. Em Portugal também há alguns marroquinos veteranos que ainda atuam pela seleção de seu país. São os casos do meia Tarrabt (31), do Benfica, e do zagueiro Feddal (30), do Sporting. Da Grécia vem a dupla El Kaddouri (30), meia atacante do PAOK, e El Arabi (33), centroavante do Olympiacos.
2022 é logo ali
O Marrocos entra nas eliminatórias africanas para a Copa do Mundo já na segunda fase, que se inicia em março de 2021. Terá em seu grupo a companhia de Guiné, Guiné-Bissau e Sudão. Portanto, não deverá ter dificuldades para se classificar para a terceira e decisiva fase. Apesar da Copa Africana de Nações decepcionante em 2019, a seleção marroquina é uma das mais fortes do continente. Se em 2018 seus jogadores não tinham tanta experiência e poucos deles jogavam em equipes importantes do futebol europeu, a perspectiva é diferente para 2022. Caso consiga a classificação, o Marrocos chegará para a Copa do Catar com uma geração mais acostumada à jogos grandes e pronta para ser uma das principais candidatas à zebra do campeonato.