Lições de Guardiola: a Evolução

Quem já teve a oportunidade de ler alguma obra sobre Guardiola, como a Evolução de Martí Perarnau, sabe que o treinador catalão é uma esponja humana.

Admirador de diversas estratégias que permeiam outros esportes, Pep vem se reinventando como treinador a cada temporada, sempre absorvendo novas ideias, mesmo vindas de origens “absurdas”, e buscando implementá-las em seu estilo de jogo.

Dessa forma, mais do que lazer, a leitura de Pep Guardiola: a Evolução é capaz de fornecer conhecimento e provocar reflexões internas, embora o assunto abordado seja, essencialmente, futebol.

Seja vivenciando o dia a dia do treinador, como em Guardiola Confidencial (mesmo autor), em Säbener Straße ou se aprofundando nos bastidores da mudança do futebol alemão para a Premier League, temos a oportunidade de aprender sobre tática, cultura e até gestão de pessoas de forma descontraída e leve.

Sendo assim, listei as 3 principais lições que aprendi com a obra de Perarnau e que hoje me fazem enxergar o futebol de forma mais completa do que poucas semanas atrás:

Viver para aprender. Aprender para viver!

Talvez uma das frases mais recorrentes do livro seja: “Guardiola não está indo para um novo clube buscando ensinar e doutrinar jogadores acerca da sua forma de enxergar futebol. Ele está indo para compartilhar ideias e experiências, mas, certamente, visando aprender com a nova cultura em que estará inserido.”

É louvável a atitude de um treinador que, mesmo montando uma das melhores equipes da história e conquistando títulos nacionais e internacionais, esteja aberto a novas ideias e sabe que sempre há mais para aprender.

E talvez essa seja uma das grandes virtudes de Pep, diferentemente de outros treinadores que muitas vezes sobrevivem de currículos ultrapassados e se recusam a acompanhar às modernizações recorrentes do futebol.

Certamente o atual treinador do City não é o mesmo que montou aquele Barcelona mágico ao final da década passada, nem mesmo é aquele Guardiola que dominou a Alemanha a partir de meados de 2013.

Os anos vividos na Inglaterra, o desafio diário da construção de uma nova metodologia de jogo e trabalho no Manchester City e a experiência de competir no melhor torneio nacional do planeta condiciona(ra)m o treinador a ser uma versão cada vez mais completa de si mesmo. Mas nunca uma versão final, uma vez que o aprendizado é constante…

Além disso, ele sabe que sozinho não é capaz de alcançar os resultados desejados. Por isso, Guardiola é bastante criterioso na escolha dos profissionais com que ele trabalhará no dia a dia, mas também é capaz de confiá-los tarefas substanciais quando necessário.

Mesmo com um trabalho curto no Flamengo, e bastante questionado pelos torcedores, Domènec Torrent é um exemplo disso. Suas opiniões sempre foram muito valorizadas por Pep, assim como a montagem e execução de alguns treinamentos eram de responsabilidade do ex-comandante rubro-negro.

100% & 24/7

Quem nunca ouviu a famosa frase: “Treino é treino, jogo é jogo…”. Parece que Pep Guardiola não. Para o treinador, é preciso treinar no dia a dia com o mesmo afinco e mesma paixão que se observa em um jogo oficial.

Além disso, é preciso encarar cada duelo como uma final, não se pode menosprezar o adversário porque do outro lado sempre há um trabalho, há um modelo de jogo e uma estratégia que também pretende triunfar.

A partir do momento em que os treinos passam a não ser executados com máximo rendimento e que a falta de concentração em jogos, teoricamente, mais fáceis aparece, Guardiola sabe que está dando maré para o azar.

Para quem busca ser o melhor, a mentalidade precisa ser atingir a melhor performance em todas as etapas do dia a dia. É preciso se comprometer com a alimentação da melhor forma, é preciso trabalhar na academia da melhor forma, é preciso até repousar da melhor forma.

E isso não vale apenas para o futebol, é possível aplicarmos essa ideia em nosso dia a dia. Como podemos esperar os melhores resultados se não somos capazes de dar o nosso máximo para chegarmos lá?

Pep não coleciona títulos e idolatria por sorte. Sabe que o bom futebol é consequência de trabalho duro e constante, não somente da comissão, mas de todos os integrantes do clube.

Chamo a atenção para um dos capítulos finais quando Pep está conhecendo o elenco do City em sua chegada à Inglaterra. Quando questionado sobre qual atleta pretenderia utilizar, o catalão é categórico ao afirmar que certamente jogarão aqueles que correrem e se dedicarem ao máximo.

Não importa o peso do nome atrás da camisa ou a qualidade demonstrada no passado. Com Guardiola, os atletas precisam se provar diariamente, alinhando qualidade técnica com inteligência tática e comprometimento.

Paixão é o segredo!

Quando fazemos algo com paixão, fazemos melhor. É totalmente compreensível achar a rotina de Guardiola uma loucura, mas seu amor por essas tarefas é o que fazem sentido para o treinador.

Afinal, do quê adianta ser bem sucedido, atingir resultados e cumprir com objetivos se não envolvemos paixão? Ora, ela é o segredo de tudo isso!

Por qual outra razão um treinador se dedicaria a treinar jovens atletas sub-20 com a mesma disposição que uma equipe profissional repleta de jogadores supertalentosos?

Ou por que uma pessoa abriria mão de passar seu tempo livre assistindo a filmes para ver, repetidamente, a uma reprise de um jogo do adversário do próximo final de semana?

A paixão potencializa nossas qualidades e nossa concentração. É preciso amar o jogo… E Pep Guardiola sabe muito bem disso!

 

 

O livro Pep Guardiola: a Evolução se encontra nas principais livrarias e também em formato digital!

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