O esporte que há muito tempo deixou de ser privilégio de classes endinheiradas e passou a ser moldado por pés de botinas operárias, até ser lapidado pelos pés descalços do menino da vila, não pode ser só de vocês.
Dinheiro faz parte do jogo, é verdade, mas ele deve ser conquistado com méritos e não estar acima do amor de uma torcida que a vida inteira ouviu que jamais andará sozinha. Além disso, futebol é união, é abraçar o desconhecido e o imprevisível, é gritar o que a voz conseguir, é se apaixonar todos os dias pelo que você nem pode ver, mas sente. Futebol é sentimento, não ganância. É junto, não separado.
Um campeonato onde uns saem ganhando mesmo perdendo e outros sequer podem participar é a cópia da vida no pior dos aspectos e estes clubes se acharem tão grandes a ponto de se fecharem em uma bolha elitista criada por eles só mostra o quão pequenos são, pois concordemos, a solução para se desprender de uma instituição mafiosa não pode ser criar outra igual ou pior.
E é no mínimo triste perceber que sim… A paixão de milhares foi sim criada por pobres, roubada por ricos e hoje está em bolsos forrados de sonhos comprados.
Mas o futebol não é só deles. Ou seja, rasguem seus ingressos caros, não os aplaudam. Não transformem – ainda mais – as arquibancadas em camarotes de um teatro chique onde nem todos podem entrar.