A patuscada, dessa vez, vem da UEFA. A federação proibiu, no jogo entre Alemanha e Hungria, pela Euro, que o estádio Allianz Arena seja iluminado com as cores do arco-íris. Caso você, caro leitor, esteja enfurnado numa caverna, desde a Idade Média, a rainbow flag é usada pelo movimento LGBTQIA+. Além do mais, a iniciativa visava criticar o país do primeiro-ministro Viktor Orbán que, na semana passada, aprovou uma lei que veta temas homossexuais a menores de idade, no intuito de frear a “promoção” do assunto.
Segundo a entidade europeia, a rejeição da manifestação se deu pelo seu contexto político. Na realidade, foram pressionados por alguns húngaros de masculinidade frágil, preconceituosos em diversas esferas. Afinal de contas, não há nada de político em demonstrar apoio à causa, tendo em vista o calvário, físico e emocional, sofrido pela comunidade.
Triunfo da exclusão e banalização da UEFA
Certamente, uma vitória para os ultras da “Carpathian Brigade”, pois, nas últimas partidas, deixaram claro a inclinação dos seus integrantes. Fardados de preto, atrás do gol, exalando nacionalismo, refletem os ideais do líder da nação. Alias, a competição continental é a chance de Orbán tentar limpar a sua barra, sob os olhos do mundo inteiro. Conhecido pelo discurso reacionário, o premier abriu as portas da Puskás Arena, com 100% da capacidade, para demonstrar a falsa eficácia do país no combate ao coronavírus. Na realidade, através do evento, o político poda sua imagem – assim deseja. No Brasil, o mesmo ocorre com a Copa América.
Portanto, a função agregadora do futebol, ressaltada desde a tenra idade, cai por terra, diante de tais atitudes. Cedendo ao governo da Hungria, a UEFA permite que, em seus torneios, o preconceito seja banalizado, em prol da organização do evento. Em outras palavras, o show deve continuar, mesmo que um atleta tenha um mal súbito em campo ou haja algum tipo de discriminação. Antes da vida e do respeito, vem o dinheiro. Pedir que seja diferente disso, é interferir nos “sagrados” 90 minutos.