Aquele que enfrentou problemas hormonais que lhe impediam o crescimento de forma natural, naturalmente encontrou um lugar para crescer e fazer crescer. Um caminho, um destino, Barcelona. Uma história que teve início com a assinatura do diretor esportivo Carles Rexach em um guardanapo, e que depois foi completada pelos pés de Lionel Messi nos gramados do Camp Nou, não merecia um fim tão melancólico.
A paixão
Leo conduziu sua história neste clube como conduzia cada uma das jogadas: com sutileza, com o pé direito, ou melhor, com o pé esquerdo sempre para frente, e com uma harmonia entre pensamento e movimento que capturava até o mais desacreditado. Pois é, o Tango argentino chegou até Barcelona e penetrou cada um dos olhares apaixonados por cada passo executado pelo melhor dos bailarinos.
O ritmo dos recordes quebrados, dos títulos e do posto de melhor jogador já visto por seis vezes, ditava uma coreografia perfeita que foi repetida ano após ano e copiada por grande parte dos sonhadores pelo mundo. Assim, com o braço em volta um do outro, Lionel Messi foi Barcelona e Barcelona foi Lionel Messi.
A melancolia
Mas nem só com alegrias se sustenta um espetáculo desse tamanho. Um pouco de drama pode fazer bem ao mundo das artes, mas não faz tão bem assim ao artista. Entre a intensidade, a paixão, o casamento perfeitamente orquestrado e os delírios financeiros, mais uma vez a insanidade foi o próximo passo a ser determinado por aqueles que jamais dançarão tão bem quanto uma pulga.
É uma pena que a última dança tenha acontecido em um palco silencioso, sem ninguém para admirar cada detalhe, entoar gritos de apoio e aplaudir uma última vez. Aquela última vez que até os mais pessimistas passaram a acreditar que nunca chegaria… Mas chegou. Lionel no se queda. Logo, a separação destes dois corpos que viviam juntos foi o último ato de um maestro que nos deu a chance de vermos de perto a história sendo escrita em seu auge. Hoje cada um se despede em diferentes lados. Hoje, o Barcelona é mais que um clube e Messi consegue ser mais que o Barcelona.
O Tango argentino deixa de soar na Espanha e, infelizmente, o lugar onde cresceu já não é mais o mesmo. O principal erro? Cortar suas asas e o limitar a algo que Lionel Messi jamais será: pequeno.