Efeito Luxemburgo: Cruzeiro se reinventa na Série B

Após muita instabilidade e falta de entendimento sobre a competição que está disputando, onde ficar entre os quatro melhores significa o clube se aproximar do patamar de anos atrás e, ficar entre os quatro últimos poderia colocar em dúvida a própria existência, o Cruzeiro, após não conseguir regularidade, também na Série B de 2021, ano do Centenário, convoca Vanderlei Luxemburgo para colocar ordem na casa.

Início com Conceição

Cruzeiro fez um Estadual ‘ok’ com Felipe Conceição, que implementou o sistema 4-1-2-3, fazendo o Cruzeiro jogar de forma intensa, onde buscava posse de bola, pressão alta e o ataque. Ganhou do rival no que seria a única partida do clássico Centenário, mas que terminaria a competição nas Semifinais do Estadual, sendo eliminado para o embalado América-MG de Lisca, que havia chegado em sua primeira Semifinal da Copa do Brasil na temporada anterior e, garantido o acesso à Serie A 2021, sem sustos, disputando o título com a Chape até a última rodada, onde foi vice e ambos ficaram com 73 pontos, enquanto o Cruzeiro ficara na 11ª posição com ínfimos 49 pontos.

O ponto da saída de Tigrão, apesar de um sistema organizado e intenso, em que buscava sempre o jogo, foi a eliminação nos pênaltis para a Juazeirense na terceira fase da Copa do Brasil, competição em que o Cruzeiro é o maior campeão com seis títulos e, em meio a isto, duas derrotas na Série B, ocorrendo também indisposição com medalhões. Logo, com todos estes fatores somados, ficou insustentável sua permanência na Toca da Raposa.

Mozart e o marasmo

Cruzeiro ainda mantinha seu discurso de jogar a Série B com quem conhece e já jogou a competição, mas que nunca ganhou e nem garantiu acesso, e trouxe Mozart Santos, que havia sido dispensado da Chape e estava sem clube, mas credenciado para a vaga de Conceição, após garantir a 5ª colocação com o CSA na Série B 2020. O relacionamento próximo com o diretor de futebol Rodrigo Pastana pesou bastante também na escolha do treinador.

Um fator seria bastante importante para a substituição do comando técnico, já que os clubes brasileiros, a partir de 2021, deveriam pensar bastante ao demitir um técnico, pois poderiam o fazer somente uma vez. Mozart chegou, adotou o sistema 3-4-3, mudando drasticamente o que Conceição construiu e com um sistema desorganizado, confuso, sem padrão de jogo, onde o time não alcançava as vitórias, Mozart começou a ser pressionado de todos os lados e formas, fazendo com que conselheiros e investidores chegassem a sugerir o nome de Luxa. Todavia, a decisão para sair precisaria partir de Mozart para que o Cruzeiro pudesse contratar mais um técnico.

Na 15ª rodada da Série B, no Mineirão, o clube mineiro empatou com Londrina por 2×2 e o Cruzeiro chegava a 9 jogos sem vencer, com 3 derrotas e 6 empates; situação que ficou insustentável para a permanência de Mozart, que, em comum acordo, deixou o cargo com aproveitamento de 33,3%.

A força de Luxemburgo

Cruzeiro mais uma vez desacreditado, sem credibilidade, com muitas dívidas, salários atrasados, torcedor sofrendo insatisfeito. Pela conjuntura, importantes investidores decidiram colocar em prática a ideia que tinham há muito tempo na cabeça, e sacramentaram a vinda de Luxa. Alguém com nome forte no cenário nacional do futebol, foi campeão pelo Clube numa temporada mágica, mas que, há muitos anos não faz trabalhos convincentes e que aceitou fechar com o Cruzeiro na garantia de salários em dia e paz para os atletas trabalharem.

Podemos dizer que foi a melhor contratação do Cruzeiro desde a queda? Sim, o clube precisava manter o ambiente do vestiário saudável para que pudesse atravessar esta fase complicada, principalmente de Série B.

O Cruzeiro de Luxa busca o mais simples, quando ele decide contra o Brusque escalar um time mais cascudo, até por não conhecer bem o plantel, mas que deu certo e venceu. Depois o time de Luxa foi sofrendo adaptações, mas sem mudar drasticamente a filosofia, não exigindo muito do elenco ideias, mas dedicação, luta e busca pela vitória, e assim está sendo.

E podemos dizer que o Cruzeiro de Luxa está invicto, ganhou do Brusque, empatou com Vitória, Sampaio e venceu Náutico fora e Confiança, fazendo as pazes com o triunfo casa, no primeiro jogo do Cruzeiro com a volta da torcida, e que garantiu à Raposa respirar mais aliviada, cada vez mais se distanciando do Z4.

Um pouco cedo para definir as pretensões do Cruzeiro neste segundo turno da Série B, mas importante ressaltar que Vanderlei Luxemburgo foi uma excelente contratação em todos os parâmetros, principalmente no que se diz à liderança e voz ativa no clube. Nada melhor que uma figura do tamanho dele para falar francamente com os mandatários celestes sobre a organização e blindagem do elenco aos problemas financeiros que estamos mais que cientes.

O Cruzeiro de Luxa tem nada mais, nada menos, que 73% de aproveitamento nos cinco jogos pela segundona. São 3 vitórias e 2 empates, números que se mantidos, podem culminar no acesso, discurso também adotado pelo treinador desde que chegou, e que não parece mais uma situação impossível, apesar de muito difícil.

Cruzeiro navegando com mansidão?!

O Cruzeirense esteve bombardeado e nocauteado com notícias ruins todos os dias, desde aquela fatídica e competente reportagem do Fantástico no final de maio de 2019, onde no ano do Centenário, o clube chegou a estar mais ameaçado do que nunca e grande parte do torcedor celeste que tinha pesadelos terríveis e tangíveis com a Série C, pelo campo ou pela FIFA, agora respira mais aliviado e com alento de dias melhores nos noticiários estrelados.

Tanto pelo campo, Luxa chegou para organizar a casa e melhorou as expectativas. E fora dele, a dívida com a FIFA, referente ao empréstimo do Volante Denílson junto ao Al-Wahda que foi paga com dinheiro da venda do lote em frente à Sede Campestre, que serviria de estacionamento e intitulado de Campestre II, além da Lei da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ser aprovada e sancionada, onde o clube mineiro poderá ter um melhor equilíbrio e ser tratado com mais profissionalismo e responsabilidade por dirigentes e mandatários, que, de um tempo pra cá, se preocuparam com prestígios e títulos, deixando a Instituição Cruzeiro Esporte Clube de lado, permitindo acontecer o que aconteceu nos últimos anos.

 

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