Neymar: o alvo preferido dos franco-aproveitadores

Ontem, a Seleção bateu o Peru, por 2 a 0, na Arena Pernambuco, em partida válida pelas Eliminatórias. Gols de Everton Ribeiro e Neymar.

Na saída de campo, o camisa 10 soltou os cachorros:

Não sei mais o que faço com essa camisa para a galera respeitar o Neymar.

Decerto, alguém que, após o tento anotado no jogo, tornou-se o atleta brasileiro com mais gols em eliminatórias e estando a 8 gols de alcançar Pelé, no topo da artilharia da Canarinho, tem total razão de esbravejar. E não é de hoje.

A gênese do talento

Desde o advento daquele garoto, mirrado e marrento, envergando as cores do Santos, os compatriotas ficaram em festa, pois, enfim, teríamos outro futebolista no topo do futebol mundial. Questão de tempo para o moicano erguer a Bola de Ouro!

Ligávamos a TV, e lá estava um esquálido jovem, desfilando na relva tupiniquim, consagrada por um Rei, conterrâneo de Vila Belmiro. Por meio dele, a rua, novamente, voltava aos gramados, sorridente, descontraído, tal qual na infância, imbuída da malicia com fundamentos, no intuito de driblar as dificuldades. A imprensa, assistindo a tudo isso, embebedou-se em poucos goles, decidindo, então, explorar a imagem do que era, até aquele momento, um sorriso aparelhado. Era o principio do megazord “Menino Ney”.

Tudo em volta dele era insuflado. Não era para menos, devido a sua produção e repertório. No entanto, alguns acharam que estávamos criando um monstro. Sem dúvidas, aquele filé de borboleta era, sim, um monstrengo, aberração produzida com o tempero brasileiro. A qualidade era tamanha, que suas asas não cabiam mais no nosso quintal e, lá foi, acompanhado dos “parças”, tabloides de fofoca, desfilar na Europa. Indubitavelmente, fez isso com sucesso.

Porém, a pulga do viralatismo, que sempre incomoda o mais invejoso dos espíritos, coçava a cabeça do comparador de ocasião. “Poxa, mas se ele é tudo isso, por que não foi escolhido como o melhor do Mundo, até agora?!”; “Nunca chegará aos pés de Messi e Cristiano Ronaldo”; “Ele não é atleta de verdade”; “Neymídia”; “Não chega aos pés dos jogadores da minha época”. O coro dos babacas era gigante, alcançando muitos outros, visto que, em diferentes emissoras, conseguiam invadir a mente dos mal-humorados.

Neymar e a ausência da conquista do premio de Melhor do Mundo

Certamente, quando essa meta não é conquistada – atualmente, mais difícil ainda – as criticas aparecem aos borbotões. Infladas por aproveitadores, tendem a questionar todo o caminho trilhado, duvidando, inclusive, da sua qualidade, que sempre foi algo inquestionável.

Inserido na tríade perfeita, dos maiores jogadores provenientes do século 21, ao lado de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, o brasileiro sempre teve que carregar o fardo do cidadão modelo. Em virtude da sua notoriedade, a conduta, pautada pelos imaculados do jornalismo, sempre foi posta à prova. Normal, com muitos comentários sendo válidos. Desgasta, entretanto, o debate mixuruca e infértil, orbitando sobre banalidades: 29 anos e nunca angariou um único The Best. Todavia, o que há de mal nisso?

Os amantes do futebol, os verdadeiros, sabem quem foi, tanto no passado, quanto atualmente. Será impossível citarmos o desporto brasileiro e não reverenciarmos Neymar. Está, sabidamente, ao lado dos enormes, Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Zico, Rivaldo, etc.

Nunca coadjuvante, integrou um dos maiores ataques da história, com Messi e Suarez, no Barcelona. Provocado, sempre respondeu à altura, no PSG. Os sevandijas do saudosismo descartam o momento, a carreira, os feitos. Logo, como diria Marc Bloch, em “Apologia da História”:

A incompreensão do presente nasce, fatalmente, da ignorância do passado.

 

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