Em notícia que surpreendeu o futebol brasileiro, Fernando Diniz será técnico interino da Seleção Brasileira. A informação foi confirmada pelo ge, na tarde desta terça-feira (4).
O profissional assumirá a Seleção por seis meses ou um ano, a depender de quando Carlo Ancelotti deixará o Real Madrid. O combinado é que Diniz treinará e convocará o Brasil, mas seguirá trabalhando no Fluminense. Desta forma, o Flu não será prejudicado na continuidade da temporada, que contará com duelos importantes pelo Campeonato Brasileiro e pela Conmebol Libertadores.
O “Dinizismo” pelo futebol brasileiro
Dono de um estilo de jogo ofensivo e de posse de bola, o mineiro de 49 anos ganhou destaque nacional ao conduzir o modesto Audax ao vice-campeonato do Paulistão de 2016, perdendo para o Santos. Desde então, passou por clubes como Paraná, Guarani e Oeste, até receber a primeira grande oportunidade num “clube grande”.
Este clube foi o Athletico, em 2018. Lá, encontrou sérios problemas para implantar o seu estilo de jogo, e acabou demitido após conquistar apenas 3 vitórias em 14 jogos.
Primeira passagem pelo Flu
Fernando Diniz foi anunciado como novo técnico do Fluminense em janeiro de 2019. Foi recebido com certa desconfiança após seu trabalho no Athletico, mas carregava a esperança de um futebol vistoso e bonito. O início de seu trabalho foi interessante, lhe rendendo até mesmo o troféu de melhor técnico do Campeonato Carioca daquele ano. Contudo, o trabalho “minguou”, os resultados desapareceram, e uma trágica derrota em casa para o CSA, pela 15ª rodada do Brasileirão, custou seu cargo no Fluminense. O treinador dava adeus à sua primeira passagem no tricolor.
São Paulo e ascensão na carreira
Mesmo sob desconfiança da torcida, foi anunciado como o novo comandante do São Paulo em setembro de 2019. Era o início de um casamento que duraria 493 dias.
Sob o comando de seu novo técnico, o São Paulo terminou o Brasileiro de 2019 numa honrosa 6ª colocação, o que criou certas expectativas sobre o desempenho na próxima temporada, uma vez que o elenco são paulino realizaria uma pré-temporada completa sob os cuidados de seu professor.
O início de ano não foi dos melhores. O Tricolor sofreu uma eliminação precoce nas quartas de final do Paulistão, perdendo para o Mirassol em pleno Morumbi. Na Libertadores, uma derrota para o fraco Binacional, logo na estreia.
Contudo, os quatro meses de treinos por causa da pandemia da COVID-19 provaram o seu valor, e o time de Fernando Diniz se ajeitou em campo. O time “pegou no tranco”, e começou a obter grandes resultados, incluindo a classificação às semifinais da Copa do Brasil, com direito a um 3 a 0 em cima do Flamengo. Na Libertadores, uma pequena frustração: eliminação em casa para o Lanús (ARG), após vitória por 4 a 3 no Morumbi, mas desclassificação no saldo de gols fora de casa.
Mas apesar do fracasso continental, o São Paulo já era um candidato certo ao título Brasileiro. E uma sequência de 17 (!) jogos sem perder colocou o clube na liderança do torneio nacional, feito inédito na jovem carreira de Diniz.
A ascensão meteórica já apontava para o primeiro título brasileiro do São Paulo em quase 15 anos. Porém, os paulistas “perderam o gás” na reta final, as vitórias pararam de aparecer, e uma sequência de seis jogos sem perder fez o São Paulo despencar de 1º para 4º na tabela, e derrubar Diniz do comando técnico. Chegava ao fim – de maneira frustrante – o melhor trabalho da carreira do profissional.
Frustração em preto e branco
O profissional ficou apenas três meses desempregado, e aceitou proposta para assumir o Santos, sucedendo Ariel Holan. A missão era retomar a confiança e a competitividade do Peixe, que vivia um péssimo momento em seu futebol com o antigo treinador.
Mesmo com “altos e baixos”, conseguiu levar o Santos às quartas de final da Copa do Brasil e da Libertadores. Pelo torneio continental, foi eliminado no limite da regra pelo Libertad (PAR), após vencer por 2 a 1 em Santos, mas perder a volta por 1 a 0, em Assunção.
O que pesou mesmo foi o fraco desempenho no Campeonato Brasileiro. O início até foi interessante, quando os santistas derrotaram inclusive o futuro campeão, Atlético-MG, mas as derrotas consumiram o primeiro turno do clube, que terminou a primeira metade da disputa com apenas 5 vitórias, e uma amarga 15ª colocação. Ficou muito pesado para Diniz, que acabou demitido.
Apenas nove dias após deixar o Santos, Fernando Diniz foi anunciado pelo Vasco da Gama. O tradicional cruzmaltino já estava na fase final da disputa da Série B, e fez uma “aposta desesperada”, para sair da metade da tabela e entrar na zona de promoção à Série A.
Com muito pouco tempo para trabalhar, Diniz foi incapaz de melhorar o desempenho do Vasco. O time nem ao menos “jogava bonito”, como nos tempos de Flu e São Paulo, e uma desastrosa sequência de quatro derrotas – sendo três em casa – deram fim ao trabalho do mineiro em São Januário.
Redenção no Fluminense
Fernando Diniz acertou o seu retorno ao Fluminense em abril de 2022, substituindo o demitido Abel Braga. A equipe vinha de jogos num nível muito fraco, e a torcida teve diferentes reações sobre o retorno de seu antigo comandante.
Apesar a natural desconfiança, Diniz mostrou não precisar de tempo para recolocar o Tricolor das Laranjeiras nos trilhos. Não perdeu nenhum de seus sete primeiros jogos e, por pouco, não conseguiu classificar o time na fase de grupos da Copa Sul-Americana. Conseguiu uma histórica goleada de 10 a 1 em cima do Oriente Petrolero, mas o mal desempenho do time antes de sua chegada pesou, e ocasionou a eliminação precoce do torneio internacional.
No Brasileiro e na Copa do Brasil, no entanto, a bola jogada em campo estava cada vez mais “redondinha”. O Fluminense se firmou na parte de cima da tabela, e se credenciou como um dos favoritos ao título da Copa do Brasil. Só foi eliminado nas semifinais, para o Corinthians de Vítor Pereira.
A eliminação não afetou o emocional do Fluminense, que fechou o Brasileirão numa expressiva terceira colocação – o melhor desempenho do Fluminense desde o título em 2012.
A temporada de 2023 começou sob fortes expectativas. Para melhorar, finalmente veio o primeiro título profissional de Fernando Diniz como treinador. O Fluminense foi campeão carioca, após trucidar o Flamengo no jogo de volta, num Maracanã lotado: 4 a 1. O time tinha feito algumas contratações no mercado, incluindo o histórico retorno do lateral Marcelo. Na Libertadores, um início forte, e classificação em 1º lugar no seu grupo, com direito a um impiedoso 5 a 0 em cima do gigante River Plate.
Contudo, é preciso dizer que a performance do Fluminense no segundo semestre vive momentos de instabilidade. O time acabou sendo eliminado para o Flamengo nas oitavas de final da Copa do Brasil, e entrou numa sequência de cinco jogos sem vencer, sendo quatro derrotas seguidas. Os resultados no Brasileirão começaram a mostrar certa irregularidade pois, após um início forte, o Flu caiu para a 6ª colocação. Apesar disso, o time de Diniz continua se mostrando um adversário forte e competitivo. O treinador parece, finalmente, ter perdido o rótulo de “profissional de tiro curto”, que dura pouco tempo no cargo, e não consegue engrenar trabalhos duradouros. Podemos citar que, desde 2019, Diniz já está no segundo trabalho em que começa e termina uma temporada, algo raro no futebol brasileiro.