Palmeiras e Libertadores: as campanhas, de 2016, até o atual sucesso continental

O Palmeiras, desde os primórdios da Copa Libertadores da América, esteve na primeira prateleira da competição. Por exemplo, foi o primeiro clube brasileiro a chegar à final, em 1961, terminando com o vice-campeonato. Além do mais, detém alguns recordes: juntamente com o São Paulo, é o time que mais disputou finais (6); o brasileiro com mais gols marcados no torneio (390) e dono da maior sequencia invicta, como visitante, na história da Libertadores, contabilizando 15 jogos.

No entanto, aquela casca na Copa, tão presente de 1999 a 2001, estava adormecida, a partir do momento em que o Alviverde retoma ao cenário nacional, em 2015. À medida em que o Brasil era tingido de verde, a América do Sul transformava-se numa obsessão, tal qual entoa a torcida. A fim de que esse objetivo fosse alcançado, clube e patrocinadora montavam excelentes equipes, não poupando cifras e investimentos. Porém, até que a taça fosse erguida, o caminho esteve repleto de cascas de bananas, pegadinhas esnobadas pelo ego e duros baques, chegando ao momento de reflexão, na temporada 2020. Naquele ano, conceitos foram revistos, alterando todas as estruturas. E deu certo.

O Verdão, desde 2016, participa, seguidamente, da Libertadores. Abaixo, confira como foi o árduo percurso, desembocando, atualmente, na segunda final consecutiva alcançada pela equipe, atual detentora do título, fortificando o nome Sociedade Esportiva Palmeiras em todo o continente.

2016: a primeira frustração

Depois de angariar, no ano anterior, a Copa do Brasil, o time ingressava na Liberta. O grupo era formado por Nacional-URU, Rosário Central-ARG e River Plate-URU.

Na primeira rodada, empate azedo, em 2 a 2, contra o genérico River, saco de pancada da chave. Logo em seguida, vitória, por 2 a 0, em cima do Rosário Central – engana-se quem pensa que a partida foi tranquila… Certamente, um dos triunfos mais suados da história do Palmeiras! Na terceira rodada, derrota para o Nacional, 2 a 1, marcava, também, a demissão do comandante, Marcelo Oliveira, pois possuía um trabalho questionado há tempos. Outra derrota para o Nacional, 1 a 0, dessa vez no Uruguai, tendo o Cuca como novo técnico. Seguidamente, o empate em 3 a 3 contra os argentinos, numa grande partida, fora de casa, e a vitória por 4 a 0, sobre o River Plate, não adiantaram de nada.

O Palmeiras fechava a competição caindo na fase de grupos, coisa que não ocorria desde 1979. Naquele 2016, Cuca – que sairia, no fim do ano – e seus comandados conquistaram o Campeonato Brasileiro, encerrando o jejum de 22 anos sem o título. Decerto, mais talhados e campeões nacionais, o favoritismo seria ainda maior na vindoura competição continental.

2017: a Libertadores pode ser um pouco dura às vezes

Alexandre Mattos abriu o bolso. A imprensa tachava de “Real Madrid das Américas”. Porém, quem festejou, em pleno Allianz, foi o Barcelona… Do Equador!

Em um grupo composto por Jorge Wilstermann-BOL, Peñarol-URU e Atlético Tucumán-ARG, o torcedor palmeirense foi acometido por uma gangorra de emoções.

De cara, enfrentava o Atlético Tucumán, fora de casa, papando um empate, em 1 a 1. Na segunda rodada, uma peleja complicada ante os bolivianos, garantindo a vitória, 1 a 0, no fim da partida. Contra o Peñarol, os jogos memoráveis. Em casa, 3 a 2, Fabiano decretava os 3 pontos, quando estava tudo empatado, novamente ao fim da partida. Na quarta rodada, diante dos uruguaios, a Batalha de Montevidéu: depois de terminar o primeiro tempo perdendo de 2 a 0, o Palmeiras, na segunda etapa, vira o match para 3 a 2, explodindo, no apito final, a pancadaria no gramado e nas arquibancadas. Todavia, a derrota para o Wisltermann, na quinta rodada, em solo boliviano, por 3 a 2, marcava o fim da linha a Eduardo Baptista, então técnico alviverde. Cuca, retornando, esteve na vitória contra os argentinos, por 3 a 1. Rumo às Oitavas!

Na fase de 16 avos, o adversário seria o Barcelona de Guayaquil. No jogo de ida, os mandantes equatorianos triunfaram, com um gol no finalzinho, por 1 a 0. Esse pepino, para os paulistas, teria que ser digerido rapidamente, caso quisessem avançar.  Contando com o retorno de Moisés, que lesionou-se no início daquele ano, no Estadual, o Palmeiras foi pra cima. O “Profeta”, apelido do meia, foi o diferencial na partida de volta, tanto que, no segundo tempo, marcou o tento que levou o jogo às penalidades. Na marca da cal, o lateral Egídio desperdiça sua cobrança, defendida pelo extravagante goleiro Banguera, decretando a eliminação do Palmeiras, em casa. Baita banho de água fria e nova frustração.

2018: uma boa campanha, que dava para ser melhor ainda

A sensação pode variar de torcedor para torcedor. Contudo, quando analisamos, ao final da Libertadores, vemos que, sim, o que era bom, poderia ser melhor.

Integrante da chave de Boca Juniors-ARG, Junior Barranquilla-COL e Alianza Lima-PER, o Alviverde passou com tranquilidade. Debutou com uma vitória de 3 a 0, fora de casa, sobre o Junior. Logo em seguida, vence os peruanos por 3 a 1, no Allianz. Empatam, pela terceira rodada, com o Boca Juniors, em casa, 1 a 1. Depois, em plena La Bombonera, aplicam uma histórica derrota aos mandantes, por 2 a 0, sendo a primeira do Palmeiras na clássica cancha sul-americana – um dos gols foi marcado pelo Lucas Lima, o que deixa tudo mais impactante ainda! Protocolarmente, vence os peruanos e colombianos de 3 a 1, respectivamente. Como resultado, o time paulista termina a primeira fase da Libertadores com a melhor campanha.

Nas oitavas, encara o Cerro Porteño. No jogo de ida, no Paraguai, excelente vitória por 2 a 0, tendo os dois gols anotados pelo Borja. A volta contou com algumas doses de emoção, porém, mesmo com a derrota de 1 a 0, o clube avançou.

As quartas de final foram bem tranquilas. Diante do Colo Colo, duas vitórias suaves. A primeira, no Chile, 2 a 0. No Allianz Parque, 2 a 0, sem suor.

Inegavelmente, o Verdão tende a sofrer nas mãos de alguns jogadores que, justo contra o clube paulista, aparecem, dando as caras ao futebol. Romarinho, de 2012 a 2014, virou o pesadelo dos palmeirenses, sendo o mais famoso. Nessa semifinal, contra o Boca Juniors, um – até então – anônimo Darío Benedetto seria o carrasco dos brasileiros.

Na primeira partida, o jogador em questão saiu do banco, aos 31 minutos do segundo tempo para, aos 38, abrir o placar de cabeça, num escanteio. Insaciável, o argentino apareceu, de novo, mandando um petardo de fora da área, aos 42 minutos, ampliando o marcador. Dessa forma, findou-se o primeiro duelo. Ainda tinha a volta…

Eletrizante, os mandantes verdes foram com tudo, em busca da remontada. Todavia, os argentinos saem na frente com Ábila, no primeiro tempo. Nos 45 minutos finais, Luan e Gustavo Gomez viraram para o Palestra. Adivinha quem apareceu, feito Freddy Krueger, assustando a massa verde? Ele mesmo, Benedetto, em outro chute de fora, empatando o jogo e eliminando os donos da casa.

O time Xeneize, treinado pelo Guillermo Schelotto, não lembrava em nada o outrora Boca Juniors, bicho-papão no continente. Avançou ao mata-mata na bacia das almas, graças a vitória do Palmeiras sobre o Barranquilla, pela última rodada da fase de grupos. Por conta disso, ficou o sentimento, pela parte do palestrino, de que era possível ir mais longe. Enfim, La Copa não é óbvia.

2019: uma tragédia no Pacaembu, ao som de Sandy & Júnior

Atual campeão brasileiro, o clube caiu num grupo com San Lorenzo-ARG, Junior Barranquilla-COL e Melgar-PER. Sem problemas, Alviverde teve apenas uma única derrota, para o San Lorenzo, no Nuevo Gasómetro, 1 a 0 – esse, por sinal, foi o ultimo revés fora de casa do time, na Libertadores. Outras vez, melhor campanha da competição

Pelas oitavas, encarou os argentinos do Godoy Cruz. Na primeira partida, buscou um empate, quando estava perdendo por 2 a 0, garantindo o 2 a 2. Na volta, passou o trator, vencendo de 5 a 0 e garantindo, com sobras, vaga na próxima fase. O adversário seria o Grêmio. Senta que lá vem história…

Paulistas e Tricolores foram os protagonistas de um dos maiores confrontos da história do futebol brasileiro e do torneio sul-americano. Em 1995, pelas quartas de final, o primeiro embate terminou com vitória dos gaúchos, 5 a 0, em Porto Alegre, em partida marcada, também, pela briga generalizada. Na volta, no Parque Antártica, o Imortal sai na frente, complicando uma tentativa de virada do Palmeiras. Mas, estamos falando do imponderável, surpreendente futebol: ferozmente, o Verdão vira o jogo para 5 a 1, ficando a um gol de avançar à próxima fase. Parou por aí. Grêmio garante a classificação, terminando com o título da Libertadores daquele ano.

24 anos depois, lá estavam os dois clubes, novamente. Em POA, os visitantes vencem os mandantes, 1 a 0, num golaço de Gustavo Scarpa. A próxima partida era pra ser no Allianz Parque. No entanto, shows da dupla Sandy & Júnior ocorriam no local. Por conseguinte, o jogo foi realizado no Pacaembu. O Palmeiras abre o placar, aos 13 minutos do primeiro tempo, com Luiz Adriano. Tudo as mil maravilhas! Só que não. Aos 17, Everton Cebolinha empata e, 4 minutos depois, Alisson vira. Mesmo com o restante do primeiro tempo e a segunda etapa completa, à disposição, o Verdão não conseguiu fazer o mínimo, que era empatar a partida, avançando de fase. Devido ao gol fora, acabaram “dançando” no torneio. Fiasco.

2020: finalmente, a América é verde, Palmeiras!

A temporada passada foi o inicio de uma metodologia financeira mais austera, comparada às anteriores. As contratações foram pontuais – Rony e Matias Viña, em um primeiro momento – e o incremento dos garotos da base, que vinham adquirindo muitas conquistas, caso do Patrick de Paula, Gabriel Menino, Gabriel Veron e Danilo. Destarte, assim foi o Palestra, em mais uma Copa Libertadores, iniciando, primeiramente, com Vanderlei Luxemburgo.

No grupo do Tigre-ARG, Guaraní-PAR e Bolivar-BOL, os paulistanos sobraram: 5 vitórias, 1 empate, 17 gols marcados e 2 gols sofridos. De novo, a melhor campanha, nessa primeira fase, ficava a cargo do Verdão.

Nas oitavas, o rival foi o Delfin, do Equador, estreia do português Abel Ferreira na competição. Fora de casa, vitória sossegada por 3 a 1. Na volta, baile de Patrick de Paula e Veron, 5 a 0 mandantes.

Outro paraguaio, mas nas quartas. O Libertad, no primeiro jogo, em Assunção, engrossou a partida, e o resultado final foi 1 a 1.  Engana-se que, os 3 a 0 do segundo jogo, foram amenos, comparados ao duelo anterior. Truncado, parecia que os gols não iriam sair nunca, porém, os comandados de Abel foram efetivos. A próxima fase marcaria o reencontro com o River Plate – em 1999, campanha do primeiro título, os dois clubes se enfrentaram, nas semifinais

O primeiro jogo foi um baile tático. Gallardo entrou na roda do português, sucumbindo, nos principais lances, aos poderosíssimos contra-ataques da equipe brasileira. Afiado como uma navalha, Rony, Luiz Adriano e Viña maltrataram os argentinos. Os ‘Três Porquinhos” da base – Menino, Danilo e de Paula – brincaram com o subconsciente vermelho e branco, desfilaram. Sem demagogias, o placar poderia ter sido maior. Detalhe importante: a pandega Verde ocorreu em território adversário, em Avellaneda.

Contudo, a volta foi um verdadeiro teste cardíaco para o palestrino! Buscando reverter a desvantagem, o River veio como um rolo compressor, desde os minutos iniciais. Bolas e mais bolas foram cruzadas na área. Gustavo Gomez, coisa do destino, acaba se lesionando no meio da partida. E tome bola na área! Até que, aos 28 minutos, Rojas abre o placar aos visitantes. Calma, ainda havia mais. Perto do apito final, no primeiro tempo, Borré anota o dele. Misericórdia, faltava o segundo tempo, inteirinho. E lá se vai a vantagem adquirida no duelo da Argentina, logo nos primeiros 10 minutos da etapa final… gol dos “caras”. Então, entra o VAR e anula. Aos 29, pênalti para o River, anulado pelo assistente de vídeo. Santo VAR. Acabou o sufuco, Palmeiras na final da Libertadores, depois de mais de 20 anos.

No histórico Maracanã, Palmeiras e Santos digladiaram pela Glória Eterna. Foi uma partida extremamente estudada pelo Cuca, do lado santista, e Abel Ferreira. Ambos anularam um ao outro, com o “portuga” conseguindo impedir o arrojo ofensivo de Soteldo e Marinho, do Peixe.

Quando Gabriel Menino deu lugar a Breno Lopes, ninguém entendeu ao certo o que desejava o “mister”. Mas, aos 98 minutos e 28 segundos, o atacante deu a resposta, num dos cabeceios mais importantes do Palmeiras, em seus 107 anos. John ficou parado, olhando a gorduchinha falecer em seu gol. 1 a 0 e o tão sonhado título da Libertadores. Aleluia!

2021: o sonho em busca do Tri!

Defendendo a taça, e contando com apenas 3 contratações, os atuais campeões caíram na chave de Defensa y Justicia-ARG, Independiente del Valle-EQU e Universitario-PER. Contando com apenas uma derrota – para o Defensa, em casa, num movimentado jogo de 4 a 3 – o Verdão, agora, ficou com a segunda melhor campanha da competição.

Nas oitavas, duas vitórias sobre a Universidad Católica, ambas de 1 a 0.

A fase seguinte reservou uma velha pedra no sapato do Palmeiras, em Libertadores: o São Paulo Futebol Clube. Em todas as vezes em que houve um Choque-Rei pelo torneio continental – 1994, 2005 e 2006 -, o lado do Tricolor do Morumbi saiu sorridente, obtendo triunfo.

No primeiro jogo, 1 a 1, com o gol salvador de Patrick de Paula, cobrando falta. O ceticismo que pairava o lado Alviverde foi expurgado na acachapante vitória por 3 a 0, com show de Dudu, Veiga, de Paula, Danilo e Zé Rafael, que expurgaram os fantasmas anteriores, pondo um fim à freguesia.

As semis reservaram o Atlético Mineiro, dono da melhor campanha. De novo, as dúvidas quanto a classificação do lado verde pairavam os críticos. Mesmo assim, na primeira partida, no Allianz Parque, Abel montou seu time pensando em não sofrer gols, pois, do outro lado, estava um time que, até aquele momento, marcava gols há 14 jogos seguidos. E conseguiu. 0 a 0, não escapando das criticas infundadas.

Os últimos 90 minutos foram emocionantes. Além do mais, contou com a presença do público no estádio. Aos 6 minutos do segundo tempo, Vargas abre o placar. A vitória simples dava a classificação ao Galo. Porém, em uma bela jogada de Gabriel Veron, saindo da marcação de Nathan Silva, o jovem atacante palmeirense entrega, de bandeja, o gol a Dudu, empatando o duelo. Devido ao tento visitante, o 1 a 1 classificou o Palmeiras à sexta final de Libertadores, a segunda consecutiva.

O dia 27 de novembro reservou uma magnânima decisão, entre os dois últimos campeões da Libertadores. Palmeiras e Flamengo, em Montevidéu, no Estádio Centenário, será o palco dessa final ímpar.

Portanto, até lá, o torcedor palmeirense poderá aproveitar o clube, seus feitos, na esperança de conquistar mais um título, pois o Alviverde, hodiernamente, tornou-se uma potencia na América do Sul.

 

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