Alguns clubes possuem animais como mascote (vemos leões, peixes, porco, urubu, gavião, dentre outros) e outros costumam usar a cor predominante no uniforme para fazer uma clara alusão (como “Verdão” ao Palmeiras, “Tricolor” a São Paulo ou Fluminense ou Grêmio, “Alvinegro” ao Botafogo, “Alvirrubro” ao Náutico e por aí vai). No entanto uma espécie de “exceção a regra” é o Coritiba, que é mais conhecido como “Coxa” ou “coxa branca“ que é como sua fanática torcida é conhecida. Apesar de aparentemente diferente, isso tem base na história de um dos clubes mais importantes do país.
O ano era 1941 e a rivalidade entre Coritiba e Athlético já era intensa e os clubes faziam um “Atletiba” decisivo pelo estadual local. Eis que Jofre Cabral e Silva, torcedor do Furacão (que viria a presidir o clube rubro negro anos depois) ofendera diversos jogadores do alviverde paranaense naquele dia, dentre eles o zagueiro alemão Hans Egon Breyer que era um dos mais importantes jogadores da equipe.
As ofensas variavam de palavras como “alemão” e “quinta coluna” (termo usado para se referir a traidores dentro do seu território, expressão essa usada durante a Guerra Civil Espanhola, quando o General Francisco Franco recebera apoio de madrilenhos durante a guerra dentro de uma das principais cidades da até então República da Espanha, pós quatro colunas de tropas terem marchado para a cidade) em um período onde as ideias nazi-fascistas na Europa começavam a eclodir.
Todavia naquela ocasião, mesmo com tantas ofensas Breyer não dava a mínima para o torcedor rival até que foi chamado pelo apelido que mais tarde seria imortalizado: “Coxa-branca”. Os xingamentos tomaram conta de toda torcida rubro negra que tentaram intimidar o zagueiro do Coritiba que, por sua vez, fez excelente jogo e contribuiu para vitória de sua equipe por 3 a 1 no clássico. Apesar de pouco ter dado atenção as ofensas, Hans Egon Breyer ficou desgostoso do futebol e se aposentou em 1944 ainda que a torcida do Coritiba tenha pego a ofensa e transformado com orgulho em apelido.
Com o passar dos anos, a torcida do Coritiba abraçou o apelido de tal forma que em 1969 (após o clube conseguir um bicampeonato estadual) os aficionados alviverdes entoaram gritos de “Coxa, Coxa!”. Assim sendo, Breyer que anos antes havia perdido o amor pelo futebol, passou a frequentar os jogos do seu amado clube e foi além: pediu que, em sua lápide constasse a frase “O Coxa Branca“, o que acabou acontecendo (o ex-jogador e torcedor do alviverde paranaense veio a falecer em 21 de março de 2001).
O que era para ser motivo de ofensa e vergonha, virou motivo de orgulho para a torcida do Coxa que tem como mascote o “Vovô Coxa“ que sofreu várias adaptações ao longo do tempo, mas sem perder o principal: a essência e o respeito a memória de Hans Egon Breyer, aquele que foi “O Primeiro Coxa Branca“.