Diniz acumula marcas negativas em início de passagem pela Seleção

Derrota para a Argentina foi a primeira do Brasil em solo brasileiro nas Eliminatórias para a Copa do Mundo

Na última quinta-feira (21), em noite na qual a tensão se fez presente dentro e fora do gramado, a Argentina bateu o Brasil por 1 a 0 no Maracanã, em confronto válido pela 6ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo.

O resultado agravou a crise na seleção brasileira que ocupa apenas a sexta colocação no torneio classificatório, com sete pontos em seis jogos disputados. Além disso, a derrota para os grandes rivais do continente aumentaram a pressão para Fernando Diniz no comando da Canarinho. Desde que assumiu, o treinador, campeão da Libertadores com o Fluminense, acumula marcas negativas com a seleção.

Resumo de Brasil x Argentina

Além da grande rivalidade que desperta em todos os confrontos entre brasileiros e argentinos, a partida foi tratada como a última de Lionel Messi no Maracanã, pelo menos em jogos oficiais.

No entanto, antes da bola rolar, parte do brilho que a partida carregava em si foi perdido pela terrível atuação da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) e do Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (BEPE) nas arquibancadas do Maracanã. O conflito teve início durante a execução dos hinos nacionais em setor onde os torcedores argentinos estavam concentrados, atrás de do gol perto do setor sul do estádio.

Com a venda de ingressos iniciada há poucos dias do confronto, sem muita organização, não houve o estabelecimento de um setor visitante. Por isso, não havia qualquer separação entre as duas torcidas. Depois de um pequeno foco entre torcedores das duas seleções, a briga ficou intensa entre policiais e argentinos. A polícia, que inicialmente demorou a agir, entrou com violência.

Confusão no Maracanã interrompe jogo entre Brasil e Argentina – Esporte – CartaCapital
Polícia foi acionada para conter confusão entre torcedores. Foto – Carl de Souza/AFP

 

Depois de algum tempo, as equipes dentro de campo perceberam a confusão. Os argentinos, que se preparavam para a foto oficial, foram em direção nas arquibancadas na tentativa de acalmar os ânimos. Marquinhos, capitão do Brasil na partida, também foi às arquibancadas.

A polícia encurralou a torcida argentina, causando pânico na torcida brasileira que estava ao lado da confusão e acabou sendo esmagada. Torcedores até mesmo saltaram o muro para fugir da violência.

Diante disso tudo, a seleção argentina foi ao vestiário e pediram 15 minutos para a situação se acalmar. Como resultado, a partida começou quase às 22h (horário de Brasília), com os ânimos quentes dentro e fora de campo.

Primeiro tempo

Brasil x Argentina: veja público e renda de jogo no Maracanã pelas Eliminatórias > No Ataque
Etapa inicial foi marcada por intensidade nas disputas. Foto – Carl de Souza

 

Já com a bola rolando, enfim, policiais fizeram uma barreira humana no setor Sul para separar as duas torcidas e evitar novos problemas. Dentro de campo, os 45 minutos iniciais da partida foram disputados em todos os sentidos. Foram muitas faltas e disputas de bola, mas poucas chances efetivamente criadas dos dois lados.

A arbitragem também não foi das melhores no Maracanã, o que deixou o jogo ainda mais pipocado e sem ritmo. Assim, o primeiro tempo terminou com o placar inalterado, mas com três amarelos sendo distribuídos, todos para o Brasil.

Segundo tempo

Brasil perde para Argentina após brigas no Maracanã e fica em 6º nas Eliminatórias | CNN Brasil
Otamendi bate marcação, sobe sozinho e marca o gol da vitória da Argentina. Foto – Alexandre Brum/Enquadrar/Estadão Conteúdo

 

Pouco mudou na tônica do jogo em relação à etapa inicial. No entanto, aos 17 minutos, a Argentina conseguiu um escanteio e se aproveitou da bola parada para abrir o placar. Otamendi bateu André na marcação no chão e subiu para cabecear a bola vinda do escanteio de Lo Celso para o fundo da rede. Gabriel Magalhães tentou subir, porém, chegou atrasado no lance e ofereceu pouca resistência ao zagueiro argentino.

Diniz e Scaloni promoveram mudanças em seus respectivos times, mas a única que teve algum impacto no jogo foi Joelinton que, em menos de 10 minutos em campo, foi expulso. Com um a menos, a missão do Brasil de superar a desvantagem no placar se tornou ainda mais difícil e, no fim das contas, não foi concluída.

Depois de sete minutos de acréscimo, o árbitro indicou o fim da partida e a vitória da Argentina sobre a seleção brasileira por 1 a 0, a terceira derrota consecutiva do Brasil na atual campanha das Eliminatórias para a Copa do Mundo.

Os números de Diniz na seleção

Até o momento, a seleção brasileira tem seis jogos sob o comando de Fernando Diniz sendo duas vitórias, um empate e três derrotas. Nesse ínterim, o Brasil marcou oito gols e sofreu sete:

  • 1ª rodada das Eliminatórias: Brasil 5 x 1 Bolívia
  • 2ª rodada das Eliminatórias: Peru 0 x 1 Brasil
  • 3ª rodada das Eliminatórias: Brasil 1 x 1 Venezuela
  • 4ª rodada das Eliminatórias: Uruguai 2 x 0 Brasil
  • 5ª rodada das Eliminatórias: Colômbia 2 x 1 Brasil
  • 6ª rodada das Eliminatórias: Brasil 0 x 1 Argentina

Sob o comando do Diniz, até aqui, o Brasil acumulou desempenhos questionáveis. Em parte pelos desfalques, porém, é evidente que o estilo de jogo que o comandante gosta de propor não tem funcionado na seleção.

Em adição a isso, a breve passagem de Diniz até aqui é marcada por marcas negativas na história da seleção brasileira, com sequências, números e feitos que não aconteciam há algum tempo na equipe.

Gol sofrido contra a Bolívia

Logo na sua estreia como comandante da seleção, Diniz quebrou uma sequência considerável do Brasil. Pela primeira vez em quase duas décadas, a defesa brasileira foi vazada pela Bolívia em solo brasileiro.

A última vez que a Bolívia havia marcado um gol em solo brasileiro, contra a Canarinho, havia sido em setembro de 2004, quando as seleções se enfrentaram no Morumbi. Naquela ocasião, o Brasil bateu os bolivianos por 3 a 1.

Derrota para o Uruguai

Diniz assume responsabilidade por derrota para o Uruguai
Diniz fala com a imprensa após derrota para a Celeste. Foto – Vitor Silva/CBF

 

Em jogou ruim do Brasil, Darwin Nuñez e Nicolás de la Cruz marcaram para o Uruguai no Estádio Centenário de Montevidéu, sacramentando a primeira derrota de Fernando Diniz no comando da seleção. Mais ainda, o resultado representou o fim do tabu de 22 anos dos uruguaios sem ganhar dos brasileiros.

A última derrota para o Uruguai antes da partida disputada no último dia 17 de outubro havia sido nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002, também no Estádio Centenário. Naquela ocasião, a seleção brasileira, que viria a ser campeã do mundo, perdeu por 1 a 0 graças a um gol de pênalti do atacante Federico Magallanes.

Derrota para a Colômbia

Colômbia vira sobre o Brasil, e Diniz quebra o silêncio: “Não tem...”
Treinador da seleção brasileira se lamenta durante a partida contra a Colômbia. Foto – Getty Images

 

A última derrota do Brasil para a Colômbia em território colombiano havia sido na Copa América de 1991, quando a Tricolor venceu o confronto pelo placar de 2 a 0. Desde então, os brasileiros haviam visitado a Colômbia em seis ocasiões, somando duas vitórias e quatro empates nos confrontos.

Sendo assim, a derrota para a seleção colombiana, de virada, por 2 a 1 em Barranquilla no último dia 16 de novembro representou a primeira derrota da seleção brasileira para a Colômbia como visitante em mais de 30 anos. Mais especificamente, foram 32 anos, quatro meses e três dias sem os brasileiros serem derrotados pelos colombianos em território colombiano.

Derrota como mandante nas Eliminatórias

Se não foi o melhor, foi um dos melhores jogos' reflete Diniz sobre Brasil e Argentina
Apesar da marca negativa e da derrota, Diniz refletiu positivamente sobre o resultado diante da Argentina. Foto – CBF

 

Nunca na história o Brasil havia perdido como mandante nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo. A Canarinho sustentava 64 jogo de invencibilidade como mandante no torneio classificatório, até a derrota para a Argentina por 1 a 0 no último dia 21 de novembro.

Se considerar a rivalidade, a Argentina em um momento de muita confiança, time campeão do mundo há menos de um ano, a gente com um time bastante mexido. Acho que se a gente considerar todas as variáveis. Se não foi o melhor, foi um dos melhores jogos”, disse Diniz em coletiva após o jogo no Maracanã.

Sequência de derrotas

Individualmente, as derrotas para Uruguai, Colômbia e Argentina deixaram sua marca na seleção brasileira. Coletivamente, não foi diferente. Pela primeira vez na história, a Canarinho sofreu três derrotas seguidas em um torneio de Eliminatórias para a Copa do Mundo.

De modo geral, havia mais de 20 anos que o Brasil não era derrotado em três partidas consecutivas. A última vez em que isso aconteceu foi entre 6 de junho e 11 de julho de 2001, a seleção sofreu quatro derrotas seguidas – o que é a pior sequência da história da Canarinho.

Aproveitamento nas Eliminatórias

Com duas vitórias, um empate e três derrotas, a seleção brasileira acumula um aproveitamento de 38% nas seis primeiras rodadas das Eliminatórias. O pior aproveitamento do Brasil na história neste estágio do torneio.

O futuro de Diniz na seleção

Fernando Diniz foi anunciado como técnico interino da seleção no dia 4 de julho de 2023, com contrato de um ano. Apesar de assumir o cargo como comandante do Brasil, o treinador seguiu à frente do Fluminense, eventualmente conquistando a Libertadores, dividindo suas atenções entre seleção e clube.

Fernando Diniz é apresentado como novo treinador da Seleção Brasileira - Jogada - Diário do Nordeste
Diniz em sua apresentação como novo treinador da Canarinho. Foto – Rodrigo Ferreira/CBF

 

Juntamente com o anuncio de Diniz, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, confirmou que o italiano Carlo Ancelotti, atualmente treinador do Real Madrid, assumiria o cargo na Copa América de 2024 e daria sequência ao ciclo para a Copa do Mundo de 2026.

No entanto, nas últimas semanas, crescem os rumores de que o Real Madrid começa a trabalhar na renovação de Ancelotti. Segundo o site Relevo, o clube espanhol estaria considerando a possibilidade de renovar com o italiano por mais duas temporadas. Com isso, a vinda de Ancelotti para comandar a seleção brasileira se tornaria inviável.

Diante da incerteza no Real Madrid, é incerto também o que o futuro reserva para Fernando Diniz na seleção brasileira.

Próximos compromissos do Brasil

Com o calendário do futebol de seleções de 2023 completo, a seleção brasileira só volta à ação em 2024 e terá pela frente amistosos, a Copa América dos Estados Unidos e a busca para reabilitação nas Eliminatórias:

  • 23/03 – Inglaterra x Brasil – Amistoso (Wembley)*
  • 26/03 – Espanha x Brasil – Amistoso (Espanha)*
  • 03 a 11/06 – Data Fifa – Amistosos (Adversários e datas ainda a serem confirmados)*
  • 20/06 a 14/07 – Copa América – Estados Unidos
  • 05/09 – Brasil x Equador – Eliminatórias (7ª rodada)
  • 10/09 – Paraguai x Brasil – Eliminatórias (8ª rodada)
  • 10/10 – Chile x Brasil – Eliminatórias (9ª rodada)
  • 15/10 – Brasil x Peru – Eliminatórias (10ª rodada)
  • 11/12 – Venezuela x Brasil – Eliminatórias (11ª rodada)
  • 19/12 – Brasil x Uruguai – Eliminatórias (12ª rodada)

* compromissos com Fernando Diniz ainda no comando do Brasil.

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