A partida que aconteceu no último domingo (27) entre Palmeiras e Flamengo (1-1), pelo Campeonato Brasileiro, se sucedeu após este último contar com 41 infectados por Covid-19. Enquanto o Flamengo conseguiu o aval da Justiça do Trabalho do Brasil (TRT) para que o jogo fosse adiado, a decisão se esbarrava no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que permitiu o acontecimento do duelo.
Durante o impasse, o possível desfecho de não acontecer o confronto gerou revoltas em equipes, torcidas e imprensa brasileira. Isso porque clubes como Goiás e CSA passaram pela mesma realidade de alta quantidade de contaminados e, mesmo assim, houve jogo.
Não somente isso, mas a decisão do TRT contou com o auxílio do Sindeclubes, sindicato que representa funcionários de clubes do Rio de Janeiro, que é presidido pelo funcionário do Flamengo, José Pinheiro dos Santos.
É necessária esgotar todas as instâncias da Justiça Desportiva para atender a demanda da Justiça do Trabalho, que, em última análise, é um órgão mais importante, porque amplia limites do universo esportivo e cuida dos interesses trabalhistas, previstos na Constituição.
Até minutos antes de iniciar o jogo, não estava definido se a CBF atenderia o pedido da Justiça do Trabalho ou faria valer a validação da Justiça Desportiva. O confronto aconteceu e a polêmica não encerrou por aí.
Antes disso, o Flamengo já tinha se metido em outra polêmica quando publicou uma foto em seu Twitter retornando da Colômbia, onde jogou pela Libertadores. Na fotografia, os atletas apareceram sem máscara, ignorando os protocolos sanitários exigidos e em um cenário de surto – àquele momento – que passava de 33 contagiados pelo novo coronavírus dentro do clube.
A revolta acerca do acontecimento foi ainda maior quando a punição da Instituição perante o fato foi de demitir o fotógrafo, sem qualquer punição aos jogadores: “Nunca fizeram algo tão covarde comigo como o que aconteceu nesta sexta-feira (dia 25)”, desabafou em sua conta no Instagram. O fato aconteceu dois dias antes do encontro diante do Palmeiras.
Após o confronto deste último domingo, o presidente do Atlético Mineiro se mostrou revoltado com os possíveis privilégios que ele enxerga no time do Rio de Janeiro. Em entrevista à rádio Itatiaia, recordou do fato de o presidente do Sindeclubes fazer parte do Flamengo e comentou de uma ação, em seu ponto de vista, contra o regulamento.
No Twitter, persistiu em seu raciocínio: “Os regulamentos são claros, com previsão de penas gravíssimas: os clubes não podem pleitear nem se beneficiar de decisões da “Justiça Comum” que digam respeito à organização das competições”
De acordo com o artigo 231 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, “Pleitear, antes de esgotadas todas as instâncias da Justiça Desportiva, matéria referente à disciplina e competições perante o Poder Judiciário, ou beneficiar-se de medidas obtidas pelos mesmos meios por terceiro. PENA: exclusão do campeonato ou torneio que estiver disputando e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).”.
Em entrevista ao portal Terra, Camara foi além: afirmou que vai enviar um pedido à Procuradoria do STJD para que o Flamengo seja excluído automaticamente do Brasileirão.
“A lei vale para todos. O Flamengo se utilizou da Justiça comum para descumprir o protocolo da CBF e desrespeitar todos os outros 19 clubes da Série A, em mais um exemplo de soberba. Isso é passível de banimento. Tem de ser rebaixado automaticamente. O Atlético-MG vai entrar com um pedido à Procuradoria do STJD para a exclusão do Flamengo do Brasileiro. Deve ser realmente banido do campeonato”
Nadando contra a corrente desde o início da pandemia
O ano de 2020 foi marcado por vários acontecimentos que colocou o Flamengo sob uma condição de clube desprezado no país. Durante a paralisação do futebol, em função da pandemia por coronavírus, a equipe de maior torcida do Brasil retornou aos treinos – há 4 meses – sem a autorização da prefeitura do Rio de Janeiro.
À época, os jogadores foram flagrados treinando por imagens áreas, sob uma mesma semana que houve recorde de mortes por decorrência do novo vírus no estado. Dentre as quatro grandes equipes do estado, defendia junto ao Vasco o retorno do futebol, em momento de pico da doença no país.
Em reunião de clubes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que aconteceu na última semana, discutiu-se a presença da torcida nos estádios. O Flamengo foi o único dos 20 participantes do Campeonato Brasileiro a não comparecer no encontro.
A equipe também é a única a defender o retorno imediato do público nos estádios, apoiando sobretudo a tese da presença de torcedores no estado do Rio de Janeiro, sustentada pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). Outras lideranças questionaram a ideia, alegando ser desproporcional à competitividade do torneio.
Segundo Rodrigo Mattos, em seu blog na UOL, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, e o presidente da Ferj, Rubens Lopes, estão em um conflito intenso acerca do tema.
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