A base salva?

O futebol brasileiro costuma ser um grande celeiro de jovens talentos, não é à toa que em quase todas as ligas de futebol espalhadas pelo globo, você encontre um jogador brasileiro. 

Ultimamente, com os jogos das divisões de base sendo de fácil acesso aos torcedores criou-se uma proximidade muito grande dos jogadores jovens com a torcida muito antes dele atuarem pela equipe profissional. As torcidas começaram a cobrar mais chances para esses atletas, visando um retorno esportivo, mas também pensando em quanto as “canteiras” dos clubes podem render financeiramente. O processo de desenvolvimento de um atleta é delicado e exige muita paciência, mas embarcando no momento de vários clubes do Brasil, fica o questionamento: A base salva? 

Vinicius Jr, Rodrygo, Lucas Paquetá e etc. Exemplos não faltam de vendas milionárias envolvendo jogadores que já eram estrelas desde as categorias de base, porém a realidade do futebol não é essa, nem todos os jovens promovidos serão grandes craques do futebol europeu e nem iram performar usando a camisa da seleção. Esse ponto é o principal do debate sobe categorias de base, entender que a pressão sobre os jogadores mais atrapalha do que ajuda no desenvolvimento. 

Em outra perspectiva do debate, cabe ressaltar que a pressa da torcida muitas vezes faz com que o desenvolvimento dos ativos do clube seja precipitado. Em momentos ruins, o que mais se vê são pedidos para que os “medalhões” deem espaço para os mais jovens, porém o debate vai além da superficialidade da idade. É preciso levar em conta o desenvolvimento físico do atleta, as vezes ele ainda está em fase de maturação biológica e a alçada ao futebol profissional, exigindo mais fisicamente do jovem, pode acarretar em sucessivas lesões que acabam interrompendo a carreira de alguns jogadores. 

O contexto onde esses jovens são lançados também é primordial, não dá pra esperar que todos os jogadores oriundos da base sejam como Neymar, que com 17 anos já era peça chave no Santos, o crescimento esportivo dos atletas varia bastante, alguns tendem a oscilar mais durante os jogos e isso é normal.  

Chegamos a dois exemplos bastante interessantes no futebol brasileiro: Palmeiras e Cruzeiro. O primeiro um time que depois de alguns anos de altos investimentos, se viu forçado a usar mais suas categorias de base pensando em um retorno financeiro para aliviar as finanças do time. Já o segundo time, após uma gestão desastrosa e um rebaixamento inédito, se viu obrigado a usar seus jovens jogadores devido à dificuldade financeira de construir um elenco e a urgência para expor e vender atletas para se manter. Analisemos os contextos. 

Palmeiras: 

A equipe paulista, tem uma das categorias de base mais vitoriosas dos últimos anos, sendo assim jogadores como: Gabriel Verón, Patrick de Paula e Gabriel Menino, chegaram ao profissional com status elevado. O contexto de inserção desses jovens foi favorável, já que o time conta com jogadores qualificados e experientes, sendo assim os três meninos podem jogar e desenvolver sem a pressão de precisarem de assumir as referências técnicas dentro das quatro linhas. Basta ver que os três tem atuado de maneira consistente nos jogos, e mesmo naqueles que eles rendem abaixo, ainda tem um respaldo da comissão técnica e de parte da torcida, que entendem que é um processo natural na maturação dos atletas. 

Cruzeiro:  

A raposa já vive uma situação diferente, problemas não faltam, e o contexto é um tanto quanto desfavorável aos jovens atletas. Um time que precisa urgente de resultados, já que o acesso a Serie A é primordial as finanças do clube, alguns nomes apesar da pouca idade já precisam assumir uma responsabilidade muito grande. Jadsom, Maurício e Cacá, esses três são os principais ativos do clube seja esportivamente ou financeiramente falando. O ambiente na Toca é de muita pressão por resultados, sendo assim parte da torcida não aceita ou não entende o processo de oscilação de alguns atletas e acaba exagerando nas críticas e também tirando conclusões precipitadas sobre os jogadores. No aspecto técnico, o time também tem deixado a desejar já que os jovens tem responsabilidade maior do que deveriam levando em conta que ainda estão em desenvolvimento. Os veteranos do elenco não têm desempenhado um bom futebol e tão pouco tem assumido uma liderança técnica dentro do campo, o que acaba impactando no desempenho e desenvolvimentos dos jovens.  

Um ponto importante que difere a maneira como as duas equipes trabalham com a base, é que o p Palmeiras dá sequência e tempo de jogo aos atletas, já o Cruzeiro tem pecado um pouco com alguns jogadores no que diz respeito a sequência de jogo. 

O que podemos extrair desse debate é que, sim a base pode salvar, porém não adianta só alçar aos profissionais e deixar que o destino se encarregue do resto, é preciso entender as particularidades que cercam um atleta, é criar um contexto que seja favorável e que estimule o desenvolvimento dos mesmos e acima de tudo, entender que a base não vai sempre te fornecer novos “Ronaldos”, “Iniestas” e etc.  

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