Amarelo: a cor da vida

Chamada de “doença do século”, a depressão e outros transtornos mentais, assolam nossa sociedade. Segundo à OMS (Organização Mundial de Saúde), a cada 40 segundos uma pessoa interrompe a sua vida.

Em setembro, os brasileiros se atentam sobre o assunto, por conta da campanha Setembro Amarelo. No Brasil, os casos passam de 13 mil ao ano.

Assim, sendo o segundo país com mais pessoas depressiva das Américas, com 5,8% da população. Logo atrás do EUA, com 5,9% da população.

O esporte, obviamente, não está a par da sociedade. Ultimamente, o assunto da saúde mental tem sido inserido para debate. Estamos vendo movimentos de coragem, atletas falando sobre seus problemas abertamente.

DeMar DeRozan

O ala de 32 anos, natural de Compton Califórnia, foi Draftado pelo Toronto Raptors em 2009. Ídolo da franquia canadense, é o maior cestinha da equipe, foi quatro vezes All Star. Após 9 anos no Canadá, o ala foi trocado para o San Antonio Spurs.

DeMar falou abertamente sobre isso no dia 17/02/2018. Postando em seu Twitter a seguinte frase: “Essa depressão tirou o melhor de mim”.

Créditos: Twitter

Em entrevista ao The Toronto Star, o jogador se pronunciou.

“É uma daquelas coisas que não importa o quão indestrutível nós pareçamos, somos todos humanos no fim do dia. Todos nós temos sentimentos e às vezes parece que o mundo inteiro está acima de você”.

Já em San Antonio, o californiano promoveu uma conversa com estudantes locais, sobre saúde mental e compartilhou em suas redes sociais.

“Quarta-feira à noite eu tive a honra de falar com um grupo de estudantes locais sobre saúde mental e minha experiência lutando contra a depressão. Eu só quero fazer minha parte para ter certeza de que há zero vergonha ou estigma para qualquer um que esteja tentando colocar como prioridade a saúde mental.”

Créditos: Twitter

Kevin Love

O ala-pivô do Cleveland Cavaliers, Kevin Love é mais um atleta da NBA a falar sobre problemas psicológicos. O jogador relevou ao programa “In Depth with Graham Bensinger” que já teve pensamentos de interromper sua vida.

“Há dias que são excessivamente difíceis, eu pensei em me suicidar em 2012. O futuro começou a parar de fazer sentido. E quando você perde a esperança, a única coisa em que você consegue pensar é: “Como posso fazer essa dor passar?” Não acho que preciso dizer muito mais do que isso. Quando você chega a esse ponto e dia após dia é a mesma coisa, pensamentos suicidas entram em jogo. E você começa a planejá-los e a que caminho seguir. Aqueles foram momentos realmente assustadores em minha vida”.

Felizmente, os pensamentos de Love nunca passaram de pensamentos.

Em 2018, Kevin revelou ao The Players Tribune ter sofrido um ataque de pânico durante um jogo. O jogo foi realizado no dia 5 de novembro de 2017, o Cavs de Love enfrentou o Atlanta Hawks.

“Era 5 de novembro, dois meses e três dias depois de completar 29 anos. Estávamos em casa contra o Hawks – décimo jogo da temporada. Uma tempestade perfeita de coisas estava prestes a colidir. Eu estava estressado com os problemas que vinha tendo com minha família. Eu não estava dormindo bem. Na quadra, acho que as expectativas para a temporada, combinadas com nosso início de 4-5, estavam pesando sobre mim.”

“Após o intervalo, tudo bateu no ventilador. O técnico Lue pediu um tempo no terceiro quarto. Quando cheguei ao banco, senti meu coração disparar mais rápido do que o normal. Então eu estava tendo problemas para recuperar o fôlego. É difícil de descrever, mas tudo estava girando, como se meu cérebro estivesse tentando sair da minha cabeça. O ar parecia espesso e pesado. Minha boca parecia giz. Lembro-me de nosso assistente técnico gritando algo sobre um conjunto defensivo. Eu balancei a cabeça, mas não ouvi muito do que ele disse. Nesse ponto, eu estava pirando. Quando me levantei para sair do amontoado, sabia que não poderia reentrar no jogo – tipo, literalmente, não poderia fazê-lo fisicamente.”

“O treinador Lue veio até mim. Acho que ele percebeu que algo estava errado. Soltei algo como, “Já volto”, e corri de volta para o vestiário. Eu estava correndo de cômodo em cômodo, como se procurasse algo que não conseguia encontrar. Na verdade, eu só esperava que meu coração parasse de bater. Era como se meu corpo estivesse tentando me dizer:  Você está prestes a morrer. Acabei no chão da sala de treinamento, deitado de costas, tentando conseguir ar suficiente para respirar.”

Após o episódio, Kevin foi em um terapeuta. Mesmo relutante, por conta de toda a cultura em que foi criado, foi um momento de suma reflexão, onde se descobriu em vários quesitos que vão além do basquete. Que o fazem falar abertamente sobre o assunto.

Michael

Contratado após um ano incrível, Michael em seu primeiro ano não correspondeu às expectativas criadas. Mas, este ano, revelou ao Canal Barbaridade ter tido depressão e pensamentos de interromper sua vida no ano passado.

“Tive depressão no ano passado, sofri muito com isso. Na época, eu estava no hotel e quis me suicidar. Me veio pensamentos ruins. Então, eu gritei por socorro, pela minha mulher, pelo doutor Tanure, Diego Ribas, Diego Alves, Filipe Luís, o Rafinha, o Marcos Braz também. Eles me fizeram ser querido, ser abraçado. Eles tiveram um cuidado comigo, que ninguém antes tinha feito”

“Eu comecei a fazer psicólogo, hoje eu continuo fazendo, mas apenas uma vez na semana. Sou muito grato pelo que fizeram por mim. Não tenho vergonha de falar isso, porque depressão quase todo mundo tem, mas ninguém quer assumir. A gratidão que eu tenho pelo Flamengo, pelos profissionais, será para o resto da vida. Quando eu mais precisei de um amigo, o Flamengo estendeu a mão para mim.”

Naomi Osaka

A tenista japonesa Naomi Osaka está entre as melhores e mais bem pagas no mundo. E, foi mais uma atleta a trazer abertamente a discussão sobre ansiedade. A tenista foi multada em 15 mil dólares, após negar ir para a entrevista coletiva pós-jogo. A japonesa tinha crises de ansiedade antes das entrevistas.

Na sua série documental, que está na Netfilx, mostra sua vida pessoal, a pressão de competir os torneios e a pressão que ela lida por ser uma das melhores do mundo.

Passamos por um mês mega importante, um mês para servir de alerta para todos. A citação de atletas de alto nível, foi para mostrar exemplos de pessoas bem-sucedidas, e que mesmo assim tiveram seus problemas. Procuraram ajuda e hoje estão bem.

Fiquem atentos aos sinais, não é nenhuma fraqueza falar que precisa de ajuda.

 

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