Ao ser substituído na partida contra o Newcastle, em 2019, Granit Xhaka discutiu com a torcida do Arsenal. Enquanto saía de campo, parte da torcida vaiou o capitão e o suíço fez gestos para a arquibancada, tirou a camisa gunner e foi direto para o vestiário.
Antes da partida, Xhaka já tinha recebido ameaças nas redes sociais, com “torcedores” falando que queriam que a filha dele estivesse com câncer ou que iriam matar sua esposa. Isso, somado às vaias, fizeram ele explodir e deu no que deu.
Hoje, apesar do movimento para tirar a braçadeira de capitão do suíço, o clima com a torcida é totalmente diferente.
Granit Xhaka tem sido muito importante para o Arsenal na sequência positiva da Premier League. Nos últimos oito jogos, ganharam cinco, empataram dois e perderam um. Xhaka marcou 1 gol e deu 1 assistência nesse recorte.
O camisa 34 é titular absoluto no meio campo esquerdo, quem alterna é sua dupla de volante, que já teve: Thomas Partey, Mohamed Elneny e Dani Ceballos.
Atuando em fase ofensiva
Quando seu parceiro é Partey ou Ceballos, Xhaka costuma ser o homem à frente dos zagueiros que recebe a bola do goleiro e passa para sua dupla fazer a transição defesa-ataque.
Durante a fase de criação, ele se posiciona em uma linha de três com os zagueiros, fazendo a cobertura para a subida do lateral-esquerdo, Kieran Tierney, lado que o Arsenal mais ataca (42%). Já com Elneny, os papéis se invertem.
No momento em que os Gunners fazem pressão alta, característica que está sendo aperfeiçoada com o técnico Mikel Arteta, Xhaka sai da linha de três e se posiciona no círculo central. Após a roubada de bola, o suíço costuma usar seu ótimo passe longo para acionar os pontas. Segundo dados do SofaScore, ele tem 74% de sucesso nesse tipo de lançamento.
No exemplo acima, após o passe errado de Marcus Rashford, Nicolas Pépé entrebou a bola para o camisa 34 do Arsenal. Xhaka (circulado) percebe o espaço para o avanço de Cédric Soares e faz o passe. O português consegue dominar e cruzar na área, no rebote Emile Smith Rowe finalizou e De Gea fez ótima defesa.
Outra valência do suíço são os passes verticais quebrando as linhas de marcação. Tanto para Smith Rowe, que fica flutuando entre linhas, quanto para os pontas que se apresentam dentro da área.
Nesse exemplo, Alexandre Lacazette pressionou Stephens e o zagueiro passou errado. A bola caiu nos pés de Bukayo Saka, o inglês passou para Thomas Partey, que rapidamente entregou para Granit Xhaka com espaço livre para avançar.
Xhaka (circulado) dominou já adiantando a bola, percebeu a movimentação de Pépé entre os marcadores e enfiou a bola para ele. O marfinense passou liso entre os defensores e fez o gol de empate do Arsenal no St. Mary’s Stadium.
Atuando em fase defensiva
Como falei anteriormente, quando Tierney sobe, Xhaka desce para fazer uma linha de 3 com os zagueiros. Assim ele vira um pilar do lado esquerdo quando o rival está em contra-ataque. E uma das principais virtudes defensivas dele é logo recuperar a posse.
Na temporada atual, Granit Xhaka está com 123 recuperações de posse de bola, mais do que qualquer outro jogador do Arsenal.
No recorte dos últimos oito jogos foi quem mais recuperou a bola – considerando todos os jogadores dentro do campo – em cinco partidas: contra Brighton (9), West Brom (10), Crystal Palace (13), Newcastle (15) e Man. United (9).
Outro aspecto positivo que o suíço está mostrando é o posicionamento defensivo para bloquear finalizações. Segundo o WhoScored, entre os jogadores do Arsenal é o sexto neste quesito, atrás dos 4 defensores titulares e Gabriel Magalhães.
Créditos do vídeo: Twitter/@Arsenal
Conclusão
Após a expulsão contra o Burnley, Granit Xhaka reacendeu a chama de qualidade que o trouxe ao Arsenal em 2016. Se transformou no metrônomo que o time estava precisando no meio de campo e ajudou a recuperar a qualidade da defesa londrina.
Além disso, contra o Wolverhampton completou 200 jogos pelo Arsenal, sendo 147 pela Premier League. Apesar de todas as dúvidas dos torcedores quanto a sua entrega dentro de campo, Xhaka foi exemplo profissional em manter o comprometimento com o clube e os companheiros.