O vôo dos Canários: a imediata volta do Norwich City à Premier League

Talvez, a adversidade seja o que melhor possa definir o acesso do Norwich City para a Premier League. Depois de fechar a divisão máxima do futebol inglês na lanterna e descender de volta para a Championship na temporada anterior, os canários de Daniel Farke conseguiram o acesso de volta para a elite de forma brilhante. Com 7 pontos de diferença (até o momento para o Watford, o time auriverde segue firme para coroar tal acesso com o troféu da segunda divisão inglesa na mão.

A reviravolta dos canários envolveu a manutenção de peças que fizeram parte da temporada anterior, no qual o Norwich foi rebaixado, o que pode ser considerado um aspecto chave para a sua campanha de acesso e um trabalho espetacular de Daniel Farke no comando do time, que além de apresentar um bom futebol, graficado em bons números e médias.

Como joga o Norwich de Farke

Mesmo tendo descendido na temporada anterior, o Norwich não deixa uma impressão ruim, pelo menos no que se trata de identidade futebolística. Fato é que o time sempre apresentou um futebol bem vistoso e ofensivo, com muita posse de bola, movimentação e uma boa construção de transição ofensiva baseada em fases.

Com a bola

A posse de bola é o principal ponto para entendermos de uma forma simples a forma da qual o Norwich joga. Isso pode ser explicado pela sua média por jogo, que é de 62% e  de passes progressivos a cada 90 tentativas, que é de 76. São os maiores índices de toda a Championship. O objetivo é sempre a infiltração na área e para isso, busca-se ter a bola no campo de ataque..

Um dos problemas é que toda essa posse de bola, é transformada em chances de gol, porém não em gols. O Norwich tem o maior xG da competição(78.99), porém possui o terceiro melhor ataque da liga. Em resumo, o Norwich é um time criativo, porém perde muitas chances, o que pode ser mais custoso em uma liga de nível mais alto como a Premier League.

Formação em 4-2-3-1
(Imagem: Luan Fontes via TacticalPad)

Ofensivamente, o Norwich costuma se configurar em um 4-2-3-1, o que permite que Farke tenha seus três jogadores mais criativos jogando centralizados. Os laterais avançam ao ataque por fora, abrindo espaço para os três meias de criação atuarem por dentro, perto do centroavante, possibilitando movimentação e jogadas de combinação.

Avanço dos laterais para liberar os meias por dentro
(Imagem: Luan Fontes via TacticalPad)

Estes três meias de criação possuem a função de se posicionar entre as linhas da defesa adversária para receberem os passes vindos da dupla de volantes Skipp e McLean, que buscam um passe direto entrelinhas buscando estes três meio-campistas.

 

Volantes buscam meias no passe entrelinhas (Imagem: Total Football Analysis)

O Norwich se formata com frequência em um 3-2-5, no qual um lateral fica mais atrás enquanto o outro avança. Alternativamente, os dois laterais sobem, enquanto um volante recua para ficar entre os dois zagueiros.

Norwich no 3-2-5
(Imagem; Luan Fontes/Via TacticalPad)

O Norwich usa algumas estratégias para poder liberar o avanço dos laterais abertos e em profundidade. O canhoto McLean cai pela lateral esquerda, liberando o avanço de Gianoullis, enquanto Buendia ou  Cantwell fazem o mesmo no avanço de Aarons.

Movimentação ofensiva: Na imagem, Buendia fica na ala para manter profundidade, enquanto Aarons fica mais centralizado. Cantwell sai da meia-esquerda e vai para a direita, correndo por trás da zaga, enquanto Pukki ocupa o outro lado do campo. Estas rotações posicionais permitem uma troca de passes mais rápidas entre as linhas, complicando a vida do rival.

Movimentação ofensiva pela lateral do Norwich( Imagem: Total Football Analysis)

Sem a bola

Se tem um problema que o Norwich precisa corrigir para não passar sufoco na Premier League é a defesa. Não que tenham tomado muitos gols, visto que os Canários têm a segunda melhor defesa da Championship, mas o xGA que é um coeficiente de oportunidades de gols-contra, é bastante alto, chegando a 53.36. A marcação é intensa porém não tão agressiva. Mesmo assim, os números são consideráveis, de acordo com a pressão. O PPDA é de de 10.38(12o melhor da Liga) e o número das ações defensivas por minuto.

Norwich se defendendo no 4-4-2 (Imagem; Luan Fontes/via TacticalPad

Normalmente é usado um 4-4-2 na formatação defensiva. Os dois da frente buscam pressionar os zagueiros e um companheiro sobe para marcar o meia em profundidade e cortar passes fáceis. O lugar no qual o Norwich costuma pressionar com mais profundidade é na lateral. A ideia é usar a linha lateral como uma barreira para reduzir o espaço do rival, com um jogador pressionando o portador da bola e dois chegam para dar cobertura. Caso a opção seja se compactar, os pontas recuam, o meia-atacante sobe com o centroavante e a dupla de pivote fecha o centro.

 

Pressão do Norwich na lateral (Imagem: Total Football Analysis)

O Norwich tende a deixar muito espaço entre as linhas de pivote e ataque, dando liberdade para o rival jogar no meio. A linha de frente sobe desacompanhada e deixa espaço para o rival sair jogando pelo centro.

O que esperar para a próxima temporada?

Pode-se concluir que o Norwich chega bem para a Premier, porém não necessariamente se aproxima da perfeição. Ainda assim consegue ser uma equipe bem interessante com um futebol bonito e coletivo. Que este estilo de jogo estará em vigor é certo. Só resta ver se as falhas do Norwich serão corrigidas e o que pode custar na elite, caso isso não ocorra.

 

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