O jogo da empatia

No último domingo (9), Chú Santos, atleta do Palmeiras e da Seleção Brasileira, comentou uma postagem que apontava que o novo coronavírus não escolhe gênero, idade ou raça. A postagem citava ainda que Irmão Lázaro, “evangélico, cantor gospel e servo de Deus”, e Paulo Gustavo, “umbandista, ator e homossexual” morreram pelo mesmo vírus.

Beleza, morreram pelo mesmo vírus, a diferença é que Lázaro foi para o céu e Paulo Gustavo para o inferno”, opinou a jogadora.”

O jogo da vida 

O futebol feminino abre espaço para que muitas pautas entrem em jogo e sejam vencidas, como por exemplo, o machismo e a homofobia. Porém, Chú parece ter se esquecido de onde veio e de onde está. Parece ter se esquecido que o Brasil, o país que mais mata a comunidade LBTQIA+ no mundo, é o mesmo que ela veste a camisa e entra em campo tendo a chance de transformar essa realidade de alguma maneira.

Todo e qualquer tipo de preconceito não deve ser tratado como ‘opinião’ e muito menos ‘internamente’. Ou seja, neste caso, não faltou ‘uma boa assessoria de imprensa’. Faltou, para Chú, se colocar no lugar do outro, bem como uma punição severa, ao invés de titularidade e um pedido de desculpas quase que obrigatório, por medo de perdas significativas em termos de patrocínio e camisa, mas não por arrependimento.

Precisamos pôr um fim no preconceito

A solução, talvez, não seja o ‘cancelamento’, mas fato é que não é justo tratar o caso como uma disputa de pênaltis, em que todo mundo erra e nunca acaba. Não é justo com o Paulo Gustavo, com os quase quinhentos mil mortos pela Covid-19, com as atletas e com tantas meninas – e meninos – que já desistiram do sonho por comentários desse tipo.

Na mesa do brasileiro a bebida já não pode conter mais o puro suco de um Brasil preconceituoso e intolerante e, na televisão, o futebol de domingo à tarde deve representar milhões de apaixonados pelo esporte e fazê-los vestir a principal camisa: a do respeito. Chú Santos, depois de uma entrada violenta e desnecessária em pleno meio campo, levou cartão vermelho no jogo da empatia.

 

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