”O Que estou fazendo aqui? Eu vou voltar para a escola e vou ser jogador!”

Ronaldo de Jesus César Amorim é um brasileiro clássico, nascido no final dos anos 80 em São Bernardo do Campo – SP. De família simples e humilde, mais gostava de brincar na rua do que estudar. Dentre as dezenas de brincadeiras, o futebol foi sua primeira paixão.

“Eu me lembro de quando tinha 6 para 7 anos iniciei na escolinha do Palestrinha. Campo simples de terra preta sem muros onde tem um Córrego ao lado e que sempre a bola caia dentro. (risos)”

Este é craque, vai ser jogador!

“Um belo dia estava eu, um pequeno sonhador, sem perspectivas passando por uma rua quando notei uma festa em uma casa do bairro, então um conhecido que era muito famoso no bairro por ser bom de bola me chamou. Colocou-me em seus ombros e me carregou em seus ombros dizendo: Este é craque, vai ser jogador! Não entendi bem, porém anos depois fez sentido.”

O Que estou fazendo aqui? Eu vou voltar para a escola e vou ser jogador!

Não sendo muito fã dos estudos, Ronaldo acabou largando a escola e foi trabalhar. Contudo, nessa época aconteceu uma virada que mudaria sua vida para sempre.

“Anos após, larguei a escola para trabalhar vendendo frutas em cima de um caminhão. E passando em frente a uma escola na Vila São Pedro, olhei várias crianças brincando dentro daquela escola, umas jogando futebol e me perguntei: O que estou fazendo aqui ? Eu vou voltar para a escola e vou ser jogador!

‘A partir daí, minha vida mudou!”

É bom jogador, mas tem vícios no futebol que não temos tempo para corrigir.

Agora com foco no objetivo, Ronaldo começou sua batalha.

“Eu por volta dos meus 14 para 15 anos iniciei minha luta em testes e peneiras, e assim foi por duros 2 anos. Ia em todos os clubes na grande São Paulo. Tinha e demonstrava muita qualidade, mas, pesava a situação de nunca ter tido treinamentos específicos de aprimoramentos. Difícil, pois os clubes não queriam e não querem este trabalho! (Lamentável. Risos)”

Pensativo por não conseguir passar nos testes, aos 17 anos foi a gota d’agua. Após realizar um teste no São Caetano e não passar, Ronaldo foi indagar o técnico, tentando entender por que não conseguia passar.

“Aos 17 anos fiz duas peneiras no São Caetano e nada de passar. Meses depois voltei novamente e nada de ser aprovado. Então fiquei pensando, isso aqui não é para mim. Quando estava seguindo, decidi perguntar para os avaliadores o por quê não passava nas avaliações se sempre me destacava e tinha sempre bons números e respostas com gols e passes nas peneiras.

Então me responderam: “lembro-me de você sim. É bom jogador mais tem vícios no futebol que não temos tempo para corrigir.”

”O que para tantos eram recursos, para eles eram vícios (Defeitos)”

Depois de descobrir esses “vícios”, foi para casa. Viu que tinha que melhorar, então buscou vídeos de treinamentos. Trabalhou, trabalhou e conseguiu.

“Após alguns meses de treinamento e aperfeiçoamento fiz peneiras no próprio São Caetano, Portuguesa e Guarani B. Fui aprovado nos 3, então fui à Portuguesa, onde não havia nem água para tomar banho após o treino e decidi ir para o Guarani B, onde fiquei 8 meses no ano de 2005.”

Andarilho da bola

“Em dezembro, após um desentendimento entre diretoria e meu empresário decidimos sair do bugre e partir para Portugal, tentar literalmente a sorte. No dia 5 de dezembro de 2005 ingressei jogando no F.C Maia 6 meses, Atlético Cabeceirense 4 anos, e 2 meses no Recreio Desportivo Águeda, clube que lesionei meu tornozelo no início da temporada 2009/2010.”

Todavia, sua história na Europa não se limitou somente a Portugal. Ronaldo teve uma passagem rápida mas sem sucesso pela Espanha. Passou por clubes como Villarreal, Hércules, Olias Futsal e Albacete Futsal.

“Após vir ao Brasil e passar por um período de cirurgia e recuperação decidi não retornar para Portugal e joguei a Série A2 do campeonato Paulista pelo Clube Atlético Taquaritinga onde sai ao meio do campeonato por falta de Salários e decidi abandonar a carreira… Ou algo que podemos chamar de uma.”

Hora de recompensar

“Em julho de 2010 após abandonar a carreira de atleta, iniciei uma nova função dando aulas na minha casa, onde eu tinha praticamente nascido e sentido a minhas primeiras emoções esportivas. Hoje, sigo a mais de 10 anos exercendo a profissão que amo no meu bairro, com as crianças que eu praticamente vejo nascer e crescer.

”Vendo, acompanhando e auxiliando estes pequeninos se formarem grandes homens e mulheres de bem. Alguns trilhando caminhos esportivos, trabalhando em diversas áreas e até alguns ingressando na vida diferente, contra ou fora da lei. Enfim…”

É um trabalho árduo que Ronaldo enfrenta, e todos da comunidade tem histórias parecidas. Nasceram e cresceram lá, vivendo de uma forma simples e humilde.

“O trabalho não é nada fácil, lidar com crianças carentes que muitas das vezes sofrem por diversos tipos de problemas e situações na vida. As crianças e jovens só precisam de amor, respeito e alguém que lhes ouçam. O esporte SALVA, TRANSFORMA e HUMANIZA!

Tenho para mim que a Educação, Saúde, Esporte, Cultura e Segurança são os pilares de um Futuro e Sociedade melhor! E enquanto houverem Ronaldos, ainda haverá esperança!

Abençoada seja esta missão! ?

 

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