Um dos clubes mais tradicionais do futebol alemão e o segundo com mais sócios no país (155 mil), o Schalke 04 vive uma de suas piores temporadas na história. Com apenas 10 pontos somados em 25 rodadas disputadas na Bundesliga e com um saldo de -50, a equipe de Gelsenkirchen corre o quase inevitável fato de descer para a 2. Bundesliga, algo que não acontecia desde a temporada 1987/88.
Saída de Domenico Tedesco e a queda
Vice-campeão alemão na temporada 2017/18, o Schalke definitivamente foi do céu ao inferno num espaço de três anos. Para muitos, a queda de rendimento do time começou com a demissão do jovem técnico Domenico Tedesco, que após uma derrota por 7×0 para o Manchester City na Liga dos Campeões da temporada 2018/19, foi demitido do cargo. Desde então, os “Royal Blues” não encontraram um substituto à altura. David Wagner, Manuel Baum, Christian Gross e o interino Huub Stevens juntos somaram apenas 17 vitórias em 74 jogos, metade dos triunfos de Tedesco.
Outra questão que implica nesse atual momento vivido pelo Schalke é a falta de jogadores, a falta de profundidade no plantel. Nas últimas temporadas o clube vinha revelando excelentes atletas que ajudavam tanto para o desempenho da equipe em campo, quanto para a estabilidade financeira do clube. No entanto, o Schalke não têm conseguido viver desse mesmo sucesso recentemente.
Situação financeira
Estima-se que o ano fiscal de 2020 do Schalke fechou com um prejuízo de 50 milhões de euros. O bilionário Clemens Tönnies, ex-presidente do Schalke, caiu em desgraça por declarações racistas e exploração de funcionários em seu grupo empresarial, e agora o clube não tem a quem recorrer para sanar as dívidas, já que Tönnies não exerce mais nenhum cargo executivo no clube.
Para piorar a situação, nos próximos dez meses vencem dívidas no valor de 86 milhões de euros, que representam aproximadamente 50% do total de receitas para o ano fiscal. A diretoria dos “Royal Blues” lançou o lema Miteinander! (juntos uns com os outros) para vencer a crise e tentar evitar o rebaixamento.
Dimitrios Grammozis chega para planejar o futuro
Sem uma perspectiva de melhora e com o elenco claramente não conseguindo responder em campo a pressão colocada pelos torcedores, o alemão/grego Dimitrios Grammozis assumiu a equipe no dia 2 de março para tentar o impossível. O único trabalho de Grammozis havia sido no Darmstadt, onde terminou a 2. Bundesliga da temporada passada na 5ª colocação.
Com a contratação do jovem treinador sem experiência no cenário principal do futebol alemão, a impressão que a diretoria do Schalke passa é que o clube já começou o seu planejamento visando a disputa da 2ª divisão na temporada 2021/22. Obviamente que Grammozis ainda fala em lutar pela permanência da equipe na Bundesliga, porém, atualmente o clube se encontra a 11 pontos da zona de playoffs.
A base pode ser a salvação
As categorias de base do Schalke, conhecida na Alemanha como “a frágua dos mineiros”, em referência à histórica relação da região com minas de carvão, devem voltar a ter um investimento prioritário. Nos últimos anos, o Schalke ficou conhecido por revelar grandes atletas como Manuel Neuer, Mesut Ozil, Benedikt Howedes, Julian Draxler e Leroy Sané. É nesse momento de crise que o clube deve voltar a olhar com carinho para seus jovens valores, e isso deve acontecer em Gelsenkirchen.