Depois de deixar a final por equipes, a ginasta americana Simone Biles escolheu se retirar também da final individual geral da ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Tóquio, marcada para quinta-feira (29). E irá refletir, dia após dia, se decide continuar ou não nas disputas por aparelhos. O motivo disso tudo: quer preservar sua saúde mental.
“Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos”, disse ela.
É preciso coragem
Ser chamada de fraca e covarde por muitos requer coragem. Expor suas dificuldades e seus limites ao mundo é um ato corajoso que não pode – e nem deve – ser colocado como “desistência”. O esporte não te deixa desistir, o problema é quando a própria cabeça não está alinhada com esse pensamento e mostra que, às vezes, dar um passo atrás é a melhor maneira de chegar lá na frente.
A pressão, a imprensa, os holofotes e as expectativas em cima de uma só cabeça, aumentam as próprias cobranças e levam à ideia de que, decepcionar a si mesmo pode ser melhor que decepcionar outras pessoas, tornando essa uma disputa perigosa.
É preciso coragem para arrancar a fantasia de “robô” e provar para o mundo não somente que é a melhor, mas que também é gente.
A psicologia e o esporte
Quando um dirigente de um grande clube diz que a psicologia no esporte não é importante, cabe a nós não acreditar. O baixo respaldo e o tabu que envolvem a psicologia fazem com que, no esporte, as conquistas extraordinárias se tornem cada vez mais desumanas, levando o atleta do céu de um excelente desempenho, ao inferno de danos físicos e psicológicos, muitas vezes irreversíveis, em questão de tempo.
Em uma competição desse tamanho, é compreensível que todos estejam em busca do lugar mais alto, mas é uma pena que um bom número em um ranking ainda seja, para alguns, mais importante que a saúde. Simone Biles só estaria errada se achasse o mesmo.
Cansada de quebrar recordes, decidiu quebrar padrões e tentar superar a barra mais difícil que já enfrentou em toda vida. Decidiu cravar respostas para as perguntas que se colocaram como obstáculos. Por que preciso continuar passando por tudo isso? Para quem? Quanto vale tudo isso? Ouro nenhum é capaz de comprar um corpo e uma mente sã.