Carol Solberg, atleta de vôlei de praia, foi assunto recorrente durante toda semana. Já que no último domingo (20/09) , após vencer a disputa pelo bronze na etapa de abertura do Circuito Nacional de vôlei de praia, em Saquarema, a atleta gritou “Fora Bolsonaro!”, durante entrevista ao vivo para o SporTV.
Nota da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) sobre o caso
No entanto, o manisfesto foi rapidamente precito pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), que soltou uma nota sobre o caso. Confira um trecho da nota de repúdio:
”A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), vem, através desta, expressar de forma veemente o seu repúdio sobre a utilização dos eventos organizados pela entidade para realização de quaisquer manifestações de cunho político…”
Ainda ao fim da nota, a Confederação se utililzou da expressão ”denigrem” para se referir a atitude da atleta, o que gerou um burburinho, já que, por séculos, ela foi utilizada com conotação racista:
”Por fim, a CBV gostaria de destacar que tomará todas as medidas cabíveis para que fatos como esses, que denigrem a imagem do esporte, não voltem mais a ser praticados.”
A jogadora, porém, não perdeu tempo e comentou sobre a nota divulgada pela CBV:
“Quando a gente a se manifesta de uma forma espontânea, sem pensar muito, não tem como esperar alguma reação. Eu realmente não esperava nada da Comissão de Atletas ou da CBV. Mas realmente não consigo entender como uma comissão de atletas luta para a categoria não ter voz, para silenciar os próprios atletas. Para mim, é surpreendente. E lamentável.” – Disse ao ge.
Ativismo no esporte
Todavia, Carol parece não foi a(o) única(o) no meio esportivo a fazer manifestações nos últimos meses. Afinal, protestos de cunho político voltaram a ganhar notoriedade no esporte. O piloto multicampeão da Formula 1, o britânico Lewis Hamilton, tem se engajado no movimento “Black Lives Matter” (vida negras importam), até mesmo quando sobe ao pódio para receber troféus.
No Estados Unidos, partidas da NBA foram canceladas devido boicote de equipes, após outro caso de violência policial. Jacob Blake, um homem negro, foi baleado diversas vezes nas costas, mesmo rendido.
E o que dizer de manifestações históricas como a dos corredores Tommie Smith, medalha de ouro, e John Carlos, de bronze, em 1968 no México.
Lá, os dois subiram ao pódio descalços, com a cabeça baixa, e ergueram o punho fechado com uma luva preta, uma saudação consagrada pelos Panteras Negras, um grupo de combate à discriminação nos EUA. No entanto, pelo protesto, os dois foram expulsos da Vila Olímpica.
O que falar também dos futebolistas Sócrates, Wladimir e Casagrande; bandeiras do movimento ideológico intitulado Democracia Corinthiana, que surgira em 1980, durante a Ditadura Militar no Brasil. Juntos, eles participaram da campanha pela volta do direito ao voto para presidente no país, o que não acontecia desde 1960.
Decisões importantes no dia a dia do clube, como contratações, escalações e regras internas eram decidias em conjunto. Todos os votos tinham o mesmo peso, do roupeiro ao técnico da equipe, Mário Travaglini. Em outras palavras, o Corinthians tornou-se símbolo da luta pela democracia.
O convite para a lucidez
Afinal, o esporte provoca um senso de convivência, respeito e disciplina; em outras palavras, um senso democrático. Onde as diferenças entre pessoas é minimizada, colocando todos no mesmo patamar.
Portanto, manifestações como a que Carol fez, não “denigrem” o Esporte. Pelo contrário, ela só o fez graças a ele. Até porque, se há quem apoie, porque não haver quem não apoie?
Por fim, o grito de Carol soa como um convite. Um convite que ela faz questão de nos fazer:
“Acho que já passou há muito tempo a hora de que os atletas possam se manifestar. Todos têm o direito de se manifestar…” – Disse a atleta.
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