Como sugere a letra da escola de samba da Unidos da Tijuca, a tradicional ecoada nos estádios em que o Vasco joga — seja São Januário ou Maracanã — De Gama a Vasco, A Epopeia da Tijuca: Por tempestades e lendas, eu passei. E toda a torcida vascaína passou. Foram dois anos (na Série B) em que passamos por provações, com elencos limitados. Talvez sejam três anos, se formos contabilizar o início de toda esta tragédia grega.
O Club de Regatas Vasco da Gama viu um respiro no início deste ano. Após anos de tragédias administrativas, uma empresa americana sinalizou interesse em adquirir o futebol do clube. O torcedor viu isto como um alento, pois podia voltar a sonhar com tempos melhores, de finalmente sair dessa penumbra em que vive há quase 20 anos.
De 2008 a 2022, foram quatro rebaixamentos para a Série B. Todos após tragédias financeiras e administrativas, ocasionadas por más gestões. Por turbulências no Conselho da instituição e por pensamentos retrógrados, que estagnou o clube no século anterior.
De agosto em diante, as questões de aprovação da SAF, ou seja, a venda da parte do futebol, esteve atrelado a problemas com a parte suja da instituição, que atrapalhou o máximo possível. O problema é que essas pessoas colocaram o Gigante nesse limbo. E o ego pessoal deles, aparentemente, é maior que o dito amor que eles falam. O Vasco é maior do que eles e sempre será.
A venda da administração do futebol é apenas o desejo do torcedor em sair do buraco e não agonizar mais na Série B.
Aqui eu deixo também a minha carta aberta para ela:
Minha cara, foram cinco anos em que estivemos nessa parte obscura. Em alguns momentos tivemos alguns jogos memoráveis, porém, apesar de também fazer parte da história, eu prefiro esquecer. Talvez eu não consiga te esquecer tanto, porque me fizestes triste, ansioso e mal em ver o meu amor passar por momentos degradantes. Talvez eu também não esqueça momentos como o primeiro acesso, quando eu recebi a minha primeira camisa do Vasco. Meu pai me deu aquela camisa preta com dourado daquela temporada – que eu passei adiante para um colega que jogava bola comigo na rua. Em 2014, por exemplo, eu já esqueci. Não tenho lembrança afetiva desse ano.
O ano de 2016 me recordo apenas de momentos como os jogos contra o Paysandu, que também torço, e principalmente o jogo contra o Ceará, o do acesso, o gol do finado Thalles. O jogo em que eu e meu pai assistimos juntos e comemoramos a vitória.
Neste ano, eu quero recordar a transição dos meninos da base: Figueiredo, que sempre demonstrou raça em campo, marcou golaços em momentos importantes e jogou improvisado para suprir a ausência de peças melhores nas posições. Andrey Santos, o principal jogador deste acesso. A mais nova joia vascaína, um dos principais desarmadores da temporada, e principalmente, deu esperança para um futuro melhor. Marlon Gomes, que surgiu inesperadamente no clube, marcou dois golaços e foi de suma importância na temporada. Eguinaldo saiu de Monção para buscar uma vida melhor para a família. Outro que nos deu esperança para dias melhores.
Gabriel Pec também teve seus momentos e na reta final, foi um dos que mais demonstrou raça. Mas também destaco Yuri Lara, vascaíno como nós, que soube mostrar raça e amor pelo clube. Yuri terminou a temporada como o maior desarmador no futebol brasileiro. Thiago também merece um obrigado, apesar de momentos em que falhou, ele salvou em muitos momentos e principalmente no jogo de ontem. E por último, Nenê, que é ídolo sim. Infelizmente chegou em um momento conturbado na história e não pode disputar com condições melhores. Obrigado Nenê, você merece. Nós lembraremos de você!
Até nunca mais, Série B.
(Foto: Daniel Ramalho/Vasco da Gama)
Se Deus permitir, nunca mais passaremos por esta situação. O Vasco não merece e nem a sua torcida, que sempre esteve ao teu lado nestes anos. Lotamos os estádios, viramos o clube com maior número de sócios em determinado período, cantamos, vibramos e nos alucinamos.
E como também sugere a letra da música: Sou Vasco da Gama, tantas vezes campeão.
Sempre ao teu lado. VOLTAMOS!