Mal planejamento e imediatismo também passam por Rogério Ceni

No fim de 2018, segundo o jornalista Venê Casagrande, a nova direção do Flamengo encabeçada pelo presidente Rodolfo Landim que comandaria o clube a partir de 2019 já estava acertada com Renato Gaúcho para ser o novo técnico do clube. Sabendo disso, o então presidente do Grêmio Romildo Bolzan tratou de logo renovar o contrato de seu treinador, o que fez com que o Flamengo tivesse que buscar um “plano B”: Abel Braga.

Esse é apenas um ponto que mostra que essa diretoria que encantou e venceu tudo dentro do campo, não era muito diferente das outras no futebol brasileiro fora deles. Nesse contexto, Abel Braga assumiu, mas apesar de entregar os resultados, não entregava o desempenho desejado pelos cartolas e torcedores. Jorge Jesus chegou depois de Abel pedir demissão. Após 6 longos anos de um projeto de reestruturação financeira, o resultado finalmente chegou.

Muitos achavam e se iludiram achando que o clube estava à frente de todos os outros, um dos poucos que apresentavam um projeto futebolístico de médio e longo prazo. Percebemos que muitas coisas foram por água abaixo com a saída do português do cargo de técnico do clube carioca.

Posteriormente a saída de Jesus, Domènec Torrent, que não era a primeira opção, foi contratado para assumir o fardo de ser o primeiro treinador após a era vitoriosa do time de 2019. Não deu muito certo, o imediatismo do futebol brasileiro falou mais alto. A demissão veio depois de duas goledas consecutivas no Campeonato Brasileiro, 4×0 contra o Atlético-MG e 4×1 contra o São Paulo. O catalão enfrentou dificuldades com o calendário acanhado e a falta de tempo, além de enfrentar desfalques no elenco por conta da condição física abaixo dos jogadores e uma onda de infecção por Covid-19 que abateu o time. A demissão do treinador evidenciou que a contratação em si foi um erro, mas a demissão naquele momento específico foi ainda pior, principalmente sem considerar uma série de contextos.

Rogério Ceni assumiu no meio de uma temporada atípica e maluca, mas se dispôs a ter seu trabalho julgado pelo curto período de tempo que ainda restava/resta na temporada. O trabalho definitivamente não é bom. Tropeços contra Fluminense, Ceará, Atlético-GO, eliminações precoces em Copa do Brasil e Libertadores… Tudo isso faz com que torcedores e diretoria fiquem insatisfeitos com o trabalho apresentado até então. Escolhas duvidosas também causam aborrecimento, substituições e escalações sem muito sentido, não atoa Gabigol ainda não completou uma partida completa sob comando de Ceni, que sempre acaba substituindo o camisa 9 e vice artilheiro da equipe na temporada, atrás somente de Pedro.

Por falar no centroavante recém contratado em definitovo, muitos torcedores pedem para que Gabigol e Pedro joguem juntos mais vezes, mas Ceni já disse que enxerga de forma diferente. Na partida de ontem (24), ele optou por terminar a partida com Pedro e Rodrigo Muniz, com esse último atuando na faixa direita do campo. Sobre isso, muitos questionaram: “Por que Pedro e Gabigol não podem jogar juntos, mas Pedro e Rodrigo Muniz, sim?”

Sobre essa pergunta, o treinador disse:

“Posso colocar os dois juntos, mas eu não consigo ter a recomposição defensiva. Os dois quebram um galho, mas não são marcadores. O Pedro não faz o lado do campo, o Gabigol não faz o lado do campo, o Muniz já consegue. Na hora de recompor, ele consegue fazer essa recomposição lateral”

 

A declaração irritou grande parte dos torcedores, que não enxergam sentido na escolha. Aliás, informações dão conta de que Ceni sequer treinou nos últimos dias a possibilidade de Gabigol e Pedro jogarem juntos.

Muitos problemas rondam o ninho do urubu neste momento, um momento de turbulência. A tendência é de que o ex-goleiro comande a equipe rubro-negra pelo menos até o fim do Campeonato Brasileiro, e provavelmente não continuará no cargo caso o Flamengo não conquiste o título. Voltaremos, então, ao estado mais puro do futebol brasileiro, resultado imediato em poucos meses, sem considerar uma série de contextos existentes. Mas Ceni se prontificou a isso, a ser julgado desta maneira, o que talvez tenha sido um erro, mas que só se confirmará -ou não- daqui há algum tempo.

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