Neymar – O ativismo tardio

O mundo (e os brasileiros, no geral) parecem ter visto um novo lado de Neymar Jr. Em outras palavras, uma nova faceta surgira: a do ativista.

Após acusar o jogador Álvaro Gonzáles, do Olympique de Marseille, de proferir insultos racistas contra ele na partida do último domingo (13), o atleta recorreu até o Twitter para falar sobre o ocorrido:

“Único arrependimento que tenho é por não ter dado na cara desse babaca.”

– Disse Neymar, em sua conta do Twitter.

Neymar que, ao ser insultado, agrediu o zagueiro e acabou sendo expulso de campo. E que, Além disso, o deixou entoando a frase ”racismo no”, em protesto ao ocorrido. 

A negação do problema por parte da FFF ( Federação Francesa de Futebol)

“O fenômeno do racismo no esporte, e no futebol em particular, não existe ou quase não existe”, afirmou.

Disse o presidente da Federação de Futebol Francês, Noel Le Graet.

A fala do presidente Le Graet se assemelha muito a fala de um dos nossos treinadores brasileiros: Vanderlei Luxemburgo. Ainda este ano, quando fora perguntado sobre o preconceito racial dentro das quatro linhas, ele minimizou:

”Bobagem, uma provocação, ao meu ver.” – Disse ele ao Estadão.

No entanto, o que tem que ficar claro, de uma vez por todas, é que, no futebol há espaço para todos; mas não para tudo.  Portanto, falas como estas – que funcionam como ”panos quentes”, não podem ser levadas em consideração. Por exemplo, só ano passado (2019) foram registrados 56 casos de racismo no futebol brasileiro, de acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol. Da mesma forma, o que dizer dos casos sofridos por Marega, Aubameyang, Malcon, Lukaku, Dalbert, Sterling e tantos outros em território europeu? Em outras palavras, ” O aplauso ao balançar as redes” não combate esse vírus. E são vozes como esta, que minimizam problemas gravíssimos, estes não podem ter espaço no futebol.

Passado polêmico

Enquanto ainda jogava pelo Santos, no ano de 2010, Neymar deu uma entrevista ao Estadão dizendo não se reconhecer enquanto homem preto. Na época, com 18 anos de idade, ele disse:

Estadão: ”Já foi vítima de racismo?”

Neymar: ”Nunca. Nem dentro e nem fora de campo. Até porque eu não sou preto, né?”

Em outro episódio, desta vez em 2011, o atleta disputava um amistoso com a seleção brasileira, em Londres, contra a Escócia. Lá, fora atirada uma banana em campo, na direção do jogador. E ele disse:

Esse clima de racismo é totalmente triste. A gente sai do nosso país, vem jogar aqui e acontece isso. Prefiro nem tocar no assunto, para não virar uma bola de neve.

– Disse Neymar ao SportTV.

Uma nova faceta

 

O passado silencioso e polêmico da estrela do PSG joga contra ele. Mas é óbvio que, normalmente os profissionais do futebol (os jogadores) nascem em um contexto de pouco senso crítico. Onde não há muita preocupação com pautas sociais. Eles (jogadores), vêem no futebol uma saída da pobreza, apenas. Que é diferente dos esportes mais elitizados como: Basquete, Golf e etc., onde os atletas se desenvolvem também em outras áreas, além da esportiva.

Ele, que é muito amigo de Lewis Hamilton,  piloto de F1. E Lebron James, atleta da NBA –  ambos ativistas sociais -, parece ter entendido o ‘porque’ de também se afirmar em pautas como estas.

Que a atitude foi surpreendente, e ao mesmo tempo positiva, foi. Foi o ‘grito’ de milhões, aliás. Com tudo, ele tem um caminho tortuoso para percorrer. Provar uma maturidade nunca vista antes é um processo gradativo.

Em conclusão, podemos afirmar que hoje, com 28 anos, ele parece ter acordado. E que bom.

 

 

 

 

 

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