Bangu e América: Forças históricas no futebol carioca

Nesta matéria iremos conhecer brevemente a história de dois clubes muito importantes para trajetória do futebol carioca: o Bangu e o América

O futebol carioca é rico de tradição e paixão, onde os quatro grandes clubes (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo) dominam a maioria da atenção dos torcedores. No entanto, pouco se fala de outros times que também deixaram a sua marca e fizeram parte da história no estado do Rio de Janeiro. Através dessa matéria, iremos mostrar a força do Bangu e do América, que embora não tenham o mesmo renome e títulos, participaram do crescimento do futebol no estado e no Brasil.

Bangu: A origem operária e fábrica de talentos

Foto: Reprodução

Fundado em 1904, o clube teve suas raízes no bairro operário de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um dos pioneiros no futebol nacional, o Bangu contou com jogadores negros e operários em seu elenco, o que contribuiu de maneira decisiva para a democratização do esporte – então elitista em seus primórdios. O Bangu começou a ganhar projeção de fato na década de 60. Embora tivesse sido campeão em 1933, foi em 1966 que começou a ter grandes times. Naquele período a família Andrade, tradicional família banguense, assumiria o clube. O seu membro mais ilustre era Castor de Andrade, símbolo do Jogo do Bicho carioca.

O clube possui 44 troféus de campeão e mais dezenove de vice-campeão no futebol profissional em geral, sendo décimo segundo clube brasileiro com mais partidas internacionais. As conquistas do troféu American Challenge Cup e International Soccer League em 1960, ambos de maneira invicta, onde enfrentou tradicionais times da Europa, foram suas principais glórias no futebol. Além dos seus títulos cariocas de 1933 e 1966 (ganhando do Flamengo por 3×0 no Maracanã) que são muito famosos até os dias atuais. O Bangu também foi responsável por formar e revelar talentos que se tornaram ícones do futebol nacional, como Zizinho (eleito o melhor jogador da Copa do Mundo da FIFA de 1950, quando era jogador do Bangu) e Marinho, que em 1985 foi considerado o melhor jogador do Campeonato Brasileiro com a camisa do Bangu.

Em 1985 foi um ano histórico para o Bangu. O clube chegou à decisão do Campeonato Brasileiro. Mas perdeu a disputa para o Coritiba nos pênaltis. No ano seguinte disputou a Copa Libertadores. Porém a falta de planejamento fez o time dar a deus a competição logo na primeira fase. Em 1988 foi rebaixado no Brasileiro. Com Castor de Andrade começando a ter problemas com a Justiça, o clube viu seu mecenas se afastar. Até hoje o Bangu nunca se recuperou. Entretanto, na memória do torcedor sempre estará aquele timaço da década de 80.

América: Tradição e glórias passadas

Foto: Reprodução

 

Considerado o segundo time de todo carioca, o América Futebol Clube foi fundando em 1904 por um grupo de jovens moradores do bairro de Campos Sales, que se reuniram com o objetivo de criar uma equipe de futebol. Assim, tonando-se uma das principais forças do futebol no Rio e do Brasil na época. Seu lema é: “Nunca abandonar o América, mesmo nas maiores crises”.

Naquele tempo, o clube era alvinegro e fez seu primeiro jogo contra o Bangu, que também foi fundado no mesmo ano, mas era um clube mais estruturado e venceu por 6×1.

O uniforme com camisas e meia pretas, calções brancos, existiria até 1908, quando o clube adotou as cores tão tradicionais até hoje vermelha e branca. Belford Duarte se inspirou no uniforme do Mackenzie College, de São Paulo.

O primeiro título do clube veio em 1913, quando o América conquistou o carioca, três anos depois se consagrou mais uma vez campeão. Em 1922, 1928, 1931 também conquistou o estadual e levantou pela última vez a taça em 1960, totalizando sete vezes e sendo o quinto time mais vencedor do Campeonato Carioca da primeira divisão. Logo atrás dos quatro grandes do Rio. Em 1962 também foi campeão da International Soccer League. Além de ganhar a competição nacional que nenhum outra equipe conseguiu: o Torneio dos Campeões, em 1982. De lá para cá, muita coisa mudou. O América teve seu último bom momento no estadual em 2006, quando disputou a final da Taça Guanabara e parou na semis-finais.

Em 2009 o América viveu um momento curioso em sua história. Rebaixado para a Segunda Divisão, o clube e torcedores viram o Romário abandonar a aposentadoria e voltar a jogar para tirar o time da segunda divisão. E O Diabo acabou ganhando. O craque cumpriu sua promessa feita a seu pai.

Foto: Reprodução GE

Rivalidades e feitos marcantes

Chamado “Clássico bisavô”, por ser o mais antigo da história do futebol entre clubes em atividade. O confronto entre América e Bangu, teve sua primeira edição 1905, antes mesmo do primeiro Botafogo e Fluminense, conhecido como “Clássico vovô”. O Bangu goleou o América por 6 a 1.

Bangu e América são vítimas da elitização do futebol brasileiro. Apesar de boas campanhas em 1985 e 1986, ficaram de fora do Clube dos 13 e tiveram que disputar torneios paralelos em 1987. Na edição de 1988, ambos acabaram rebaixados.

Clubes pioneiros e marcados por grandes histórias e tradições, perderam seus espaços para o futebol moderno. Mas, sua história no futebol ficará para sempre. Através dela, incentivando novas gerações a entender que a sua importância vai além dos títulos e conquistas. Bangu e América abriram caminho para a profissionalização do futebol no Rio de Janeiro, pavimentaram o terreno para o desenvolvimento do esporte em todo o Brasil e ajudaram a moldar a cultura futebolística na cidade.

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