Liverpool é diferente. Em poucos lugares do mundo, um clube da grandeza do Liverpool é tão ligado à sua comunidade, quase como um “clube de bairro”. Quem nasce lá, é chamado de Scouser. Mas os Reds adaptaram e o termo também é empregado a quem chega e entende o que o clube significa pra cidade no Noroeste da Inglaterra. Em 8 de outubro de 2015, um alemão de sorriso fácil e óculos simples chegou pra comandar o gigante adormecido e se tornar um Scouser. “É a maior honra que eu poderia imaginar”.
Jurgen Klopp veio do Borussia Dortmund depois de lutar ferrenhamente contra o dominante Bayern e vencer duas Bundesligas e ficar a um gol de um título europeu contra os rivais. No Liverpool, Kloppo teria que resgatar a essência vencedora do clube, que não vencia o Campeonato Inglês desde 1990 e que não levantava uma taça desde a solitária Copa da Liga Inglesa em 2012, em meio à uma década complicada. “The Normal One”, como quis ser chamado – em referência a José Mourinho, conhecido como “The Especial One” – entendeu desde o início o que precisava fazer.
Na cidade em que futebol e música correm lado a lado, trouxe o estilo Rock and Roll ao elenco. Inspirado por John, Paul, George e Ringo, o Liverpool começou a jogar em alta frequência. Pressão alta, correria alucinante e jogos sem muito controle. O elenco melhorou a cada temporada e Klopp cumpriu o que prometeu.
Depois de quatro temporadas, os Reds voltaram ao topo da Europa e do Mundo. O título da Premier League veio no ano seguinte, numa campanha avassaladora, que deixou o City de Guardiola a milhas de distância. Depois de oito taças e o sentimento de que a jornada é sempre muito mais importante que o destino, Jurgen deixa o Liverpool afirmando não saber ainda se isso é uma aposentadoria.
As instruções de forma cartunescas para os jogadores não estarão mais lá. Os socos pra torcida após as vitórias não estarão mais lá. As risadas divertidas nas entrevistas pós-jogo não estarão mais lá. Nem as reclamações exageradas aos quarto árbitros estarão mais lá. O Liverpool seguirá. Gigante como sempre foi antes de Klopp, mas revitalizado e sabendo que voltou ao lugar que pertence por causa do alemão.
Se não importa como se chega, mas como se sai, Jurgen sai como um dos maiores treinadores da história vermelha, ao lado de Bill Shankly e Bob Paisley. Por entender o que é o clube. Por entender o que é a cidade. Por nos fazer acreditar e conquistar. Por saber que após a tempestade há um céu dourado. Jurgen, a honra foi toda nossa. Você nunca andará sozinho. Danke, Kloppo!