Com o brilho da nova geração, Barcelona e Real Madrid fazem jogo equilibrado na Arábia Saudita e a disparidade técnica é decisiva para o resultado final.

PRIMEIRO TEMPO DE EQUILÍBRIO E POUCAS CHANCES

O início do jogo refletiu a tônica de toda a primeira etapa: muito estudo das duas partes e pouco espaço para desenvolver o jogo. Nos primeiros dez minutos, o Barcelona conseguiu compactar bem as linhas de zaga e volância e fechar a área. Dessa forma, Benzema, Asensio e Vini tinham poucas oportunidades de associar no campo de ataque. No ataque, o time catalão apresentou uma configuração diferente, com Dembelé aberto na esquerda e Ferrán Torres, estreante, na direita. 

O Real Madrid não fez questão de esconder, desde o início, que iria esperar o Barcelona, para explorar a dificuldade dos culés de criar jogadas contra defesas fechadas e acionar o Vinícius no “um contra um”.

Aproximadamente por volta do minuto 15, as equipes começaram a se soltar mais. As linhas de marcação dos merengues ficaram mais altas, com o objetivo de incomodar a saída de bola dos zagueiros do Barça, que, por sua vez, passou a acionar o Dembelé com bastante frequência. Pelo flanco esquerdo do ataque do Barça, tinham associações com Jordi Alba, bons cruzamentos para a área e, por vezes, chutes de fora da área. 

Ofensivamente, o time da capital mantinha sua estratégia reativa. Após a vinda do Barça, Modric ou Kroos procuravam rapidamente Asensio ou Vini. Quando a jogada era com o espanhol, Carvajal subia ao ataque como opção na ponta. Já quando o brasileiro fazia a transição, Benzema ficava centralizado e Asensio pela direita. Para surpreender a zaga adversária, Vini tentava, muitas vezes, passes diretos em direção ao centro, zona do campo menos congestionada.

No minuto 24, a jogada tão tentada e esperada saiu: Benzema roubou a bola de Ronald Araújo na saída de bola, trocou passes com Modric e acionou Vini nas costas da defesa catalã. O brasileiro colocou na frente e chutou, com a perna esquerda, no alto do gol do Ter Stegen. Placar aberto.

A partir de então, o Barça tentou variar suas chegadas ao ataque. Por vezes, o Ferrán Torres foi acionado próximo à linha de fundo, mas o empate saiu com a jogada que já estava sendo cantada: Dembélé, aberto na esquerda, cruza para a área e, em uma lambança do Militão, Luuk De Jong esbarra na bola e ela entra. Tudo igual. Barcelona dá um banho de água fria no rival aos 41 da primeira etapa.

SEGUNDA ETAPA ABERTA E COM BONS MOMENTOS PARA OS DOIS TIMES

Na segunda etapa, o Barça voltou com Pedri e Abde e tomou o controle da partida. O extremo marroquino, pela direita, segurou as subidas de Mendy ao ataque, e o meio campo espanhol, com toda sua classe, elevou a qualidade da circulação da bola na entrada da área adversária. Aos 48 minutos, ele arriscou de fora da área e levou muito perigo a Courtois. Foi o momento de maior domínio dos culés no clássico. 

Para reagir, o Real alterou sua estratégia e passou a propor o jogo no ataque. A entrada de Rodrygo, no minuto 67, foi positiva, uma vez que os merengues passaram a ter duas válvulas de escape para chegar ao fundo e explorar as costas dos laterais. Em seu primeiro lance, ele tabelou com Modric e deixou Benzema em boas condições na área. O francês carimbou a trave no lance que recolocou os merengues na disputa.

Quatro minutos depois, Mendy passou de Dani Alves e cruzou para Benzema. O centroavante parou em Stegen na primeira tentativa, mas a bola voltou e, dessa vez, não teve perdão. Real Madrid tomou a dianteira do placar novamente. 

Com a vaga escapando pelos dedos, Xavi foi para o “tudo ou nada”. Memphis e Nico entraram nos lugares de Dani Alves e Gavi. No momento, o Barça passava a ter boa presença de área e sangue novo para os minutos finais. E funcionou! A força do elenco apareceu. Novamente, brilhou a estrela da nova geração. Ansu Fati, o novo camisa 10 do Camp Nou, recebeu um lindo cruzamento de Alba e cabeceou na saída do goleiro madridista, aos 82 minutos.

PRORROGAÇÃO DECIDIDA PELA EXPERIÊNCIA E PELO CANSAÇO

A prorrogação começou com o time catalão retendo a posse e se arriscando mais. No entanto, o tiro saiu pela culatra. Em um momento que o time do Barcelona estava todo no ataque, a bola foi recuperada, Rodrygo partiu em velocidade pela direita e cruzou para o meio, cheio de homens de branco. Vini fez o corta luz e Valverde finalizou para o gol com liberdade. Era o desempate final no minuto 97.

Nos últimos 15 minutos, o cansaço foi a tônica da partida. Em algumas ocasiões, o Real evitou de jogar para a frente devido à “falta de perna” e os erros técnicos em lances simples foram visíveis nos dois lados.

Vinícius Jr., com cãibras, pediu para sair, no meio do tempo. Em seu lugar, entrou Camavinga. Tal alteração evidenciou a falta de confiança de Ancelotti no Hazard. Evidentemente, surgiriam oportunidades de contra-ataque em velocidade pela esquerda, mas o treinador italiano optou pela entrada de um meia organizador, que não possui a característica de condução. 

Os momentos finais foram marcados por oportunidades para ambos os times. Fati errou uma bicicleta na pequena área e Rodrygo chutou para fora em uma oportunidade frente a frente com o Ter Stegen.

Em geral, o nível de competitividade do primeiro El Clásico de 2022 foi bem alto. O Barcelona compensou as limitações técnicas com muita vontade, confiança e concentração, além de utilizar a força do seu elenco. O Real Madrid contornou os maus momentos, soube aproveitar as individualidades e mostrou um amplo repertório estratégico. Jogaço! 

FICHA TÉCNICA

Ocasião: Barcelona x Real Madrid.

Local: King Fahd International Stadium.

Árbitro Principal: José Luís Montero.

Escalações:

Real Madrid: Courtois; Carvajal (Vázquez); Militão; Nacho; Mendy; Kroos; Modric (Valverde); Asensio (Rodrygo); Vini Jr (Camavinga) e Benzema.

Barcelona: Ter Stegen; Dani Alves (Nico); Piqué; Araújo; Alba; De Jong (Pedri); Busquets; Gavi (Memphis); Ferrán Torres (Abde); Luuk De Jong (Fati) e Dembelé.  – Abde (Jutglà).

Gols: Vini Jr. (25’); Luuk De Jong (41’); Benzema (72’); Fati (83’); Valverde (98’).

Cartões Amarelos: Ferrán Torres (23’); Dani Alves (51’); Casemiro (75’); Valverde (99’).

 

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