Clube centenário e único Decacampeão Mineiro da história, o América é uma das mais tradicionais instituições do futebol brasileiro. E assim como outras camisas importantes de nosso país, tem muita história por trás de sua identidade: seu nome, suas cores, seu escudo e seu mascote.
Um assunto que costuma chamar muita atenção por parte do torcedor são as histórias de como tal time adotou tal mascote. E os “causos” são diversos. Tem clube que escolheu seu mascote por causa do jogo do bicho, assim como alguns times simplesmente escolheram um mascote porque…acharam bonito. Outros já exploram a fauna de sua região, e escolhem um animal para ser homenageado. Mas afinal de contas… por que o América Futebol Clube escolheu um Coelho? Para entendermos o processo de escolha, precisaremos voltar à longínqua década de 40.
O Coelho que era um Pato
Naquela época, um conceituado jornalista e cartunista, chamado Fernando Pierucetti (ou Mangabeira), considerado o “grande pai dos mascotes mineiros”, quis relacionar os times da região com figuras cartunizadas, como animais ou heróis.
O Atlético-MG, por exemplo, tornou-se um índio-carijó e, mais tarde, um galo carijó. O saudoso Siderúrgica, era um “homem de aço”. O América, por sua vez, seria um aristocrata. Logo, se tornou…o Pato Donald (?).
Sim, “Mangabeira” atribuiu ao América a imagem do famoso pato da Disney. Explicou que Donald era “americano de nascimento”, e tinha um espírito questionador e polêmico, como o dos dirigentes alviverdes. A explicação, no entanto, não colou. A torcida Americana ficou revoltada, por considerar o Pato Donald um personagem “debochado e inofensivo”, incompatível com a figura de mascote esportivo.
Agora sim, um Coelho
Pierucetti precisou “tirar um coelho da cartola”. Motivado pela presença de muitas pessoas com o sobrenome “Coelho” na direção do América, mas também observando a simbologia dos animais, constatou: o América Mineiro seria um Coelho. E o cartunista explicou sua decisão: “O América era um clube aceso, sempre pronto para o que desse e viesse. Ao mesmo tempo, era um clube delicado, de torcida fina. Um coelho, não é?”.
A Nação Americana adorou seu novo mascote, e enviou diversos agradecimentos a Mangabeira. O profissional ainda teve um toque de gênio: produziu uma “charge” em que um pato enfiava uma espada na própria barriga, enquanto um Coelho observava a cena, às gargalhadas. O casamento deu certo, e o tradicional Coelho de Belo Horizonte, como conhecemos, estava consolidado e eternizado.
*Todas as informações contidas no texto foram extraídas do Acervo do Coelho, e do Museu do Futebol.