Como o Coritiba virou “Coxa-Branca”? Conheça o Mascote do Coritiba

Por vezes mais conhecido pelo seu apelido pelo que seu nome, o apelido do Coritiba remonta a um "Atletiba" disputado em 1941

Alguns clubes possuem animais como mascote (vemos leões, peixes, porco, urubu, gavião, dentre outros) e outros costumam usar a cor predominante no uniforme para fazer uma clara alusão (como “Verdão” ao Palmeiras, “Tricolor” a São Paulo ou Fluminense ou Grêmio, “Alvinegro” ao Botafogo, “Alvirrubro” ao Náutico e por aí vai). No entanto uma espécie de “exceção a regra” é o Coritiba, que é mais conhecido como “Coxa” ou coxa branca que é como sua fanática torcida é conhecida. Apesar de aparentemente diferente, isso tem base na história de um dos clubes mais importantes do país.

Hans Egon Breyer, xingado pelo apelido que anos mais tarde seria um símbolo da torcida do seu amado Coritiba. (Foto: Reprodução/Coritiba FC)

 

O ano era 1941 e a rivalidade entre Coritiba e Athlético já era intensa e os clubes faziam um “Atletiba” decisivo pelo estadual local. Eis que Jofre Cabral e Silva, torcedor do Furacão (que viria a presidir o clube rubro negro anos depois) ofendera diversos jogadores do alviverde paranaense naquele dia, dentre eles o zagueiro alemão Hans Egon Breyer que era um dos mais importantes jogadores da equipe.

As ofensas variavam de palavras como “alemão” e “quinta coluna” (termo usado para se referir a traidores dentro do seu território, expressão essa usada durante a Guerra Civil Espanhola, quando o General Francisco Franco recebera apoio de madrilenhos durante a guerra dentro de uma das principais cidades da até então República da Espanha, pós quatro colunas de tropas terem marchado para a cidade) em um período onde as ideias nazi-fascistas na Europa começavam a eclodir.

Todavia naquela ocasião, mesmo com tantas ofensas Breyer não dava a mínima para o torcedor rival até que foi chamado pelo apelido que mais tarde seria imortalizado: “Coxa-branca”. Os xingamentos tomaram conta de toda torcida rubro negra que tentaram intimidar o zagueiro do Coritiba que, por sua vez, fez excelente jogo e contribuiu para vitória de sua equipe por 3 a 1 no clássico. Apesar de pouco ter dado atenção as ofensas, Hans Egon Breyer ficou desgostoso do futebol e se aposentou em 1944 ainda que a torcida do Coritiba tenha pego a ofensa e transformado com orgulho em apelido.

coxa-branca
Lápide de Hans Egon Breyer, “O Coxa Branca”. (Foto: Arquivo/Reprodução Tribuna PR)

 

Com o passar dos anos, a torcida do Coritiba abraçou o apelido de tal forma que em 1969 (após o clube conseguir um bicampeonato estadual) os aficionados alviverdes entoaram gritos de “Coxa, Coxa!”. Assim sendo, Breyer que anos antes havia perdido o amor pelo futebol, passou a frequentar os jogos do seu amado clube e foi além: pediu que, em sua lápide constasse a frase “O Coxa Branca, o que acabou acontecendo (o ex-jogador e torcedor do alviverde paranaense veio a falecer em 21 de março de 2001).

O que era para ser motivo de ofensa e vergonha, virou motivo de orgulho para a torcida do Coxa que tem como mascote o Vovô Coxa que sofreu várias adaptações ao longo do tempo, mas sem perder o principal: a essência e o respeito a memória de Hans Egon Breyer, aquele que foi “O Primeiro Coxa Branca.

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