100 anos de Cruzeiro

É impossível falar sobre os 100 anos de Cruzeiro sem permearmos pelas páginas heroicas e imortais, pela gana dos trabalhadores descendentes de italianos no início do Século XX e pela paixão de mais de 8 milhões de torcedores…

Em 2 de janeiro de 1921, a Societá Sportiva Palestra Itália era fundada por operários de descendência italiana e iniciava sua trajetória como futuro maior clube de futebol do estado de Minas Gerais.

Os primeiros anos foram de estruturação, consolidando a equipe no cenário esportivo de Belo Horizonte. Com muito esforço da classe operária, que trabalhava em prol do clube (razão pela qual o Cruzeiro é tido como Time do Povo), o primeiro estádio foi construído no Barro Preto, marcando o início da era cruzeirense no bairro da capital mineira.

Entre 1928 e 1930, a Sociedade Sportiva Palestra Itália (nome aportuguesado em 1925), deu início à sua fama de papa títulos, conquistando o tricampeonato mineiro, sendo invicto em duas das três conquistas.

Contudo, em 1942, a equipe passou a ser chamada – oficialmente – de Cruzeiro Esporte Clube em função de um Decreto-Lei, declarado pelo então presidente Getúlio Vargas, que determinava a proibição de termos e denominações referentes a quaisquer países rivais do Brasil na 2ª Guerra Mundial (Países do Eixo).

As primeiras décadas como Cruzeiro foram de muitas mudanças, já que o clube passou a utilizar outro nome, escudo e uniforme. No entanto, a consolidação como uma das principais equipes do estado continuava a todo vapor, uma vez que o Cruzeiro permaneceu na trajetória de conquistas e grandes vitórias.

Apesar do sucesso esportivo, além da reforma do próprio estádio, o Cruzeiro viveu, na década de 50, uma grave crise financeira, que obrigou a equipe a dispensar muitos profissionais e regressar ao posto de equipe semiamadora.

Por outro lado, a década de 60 chegou para mudar de vez o patamar do time celeste. Com as contas sanadas, a inauguração do Mineirão e o comando do clube assumido por Felício Brandi (tido como maior presidente da história da instituição) foram fatores preponderantes para o sucesso cruzeirense.

Em 1965, a Era Mineirão foi iniciada com um título estadual sobre o rival local após uma partida bastante conturbada. Já 1 ano depois, em 1966, o Cruzeiro conquistava seu primeiro título nacional (e 1° do estado de Minas Gerais), a Taça Brasil (hoje reconhecida como campeonato brasileiro pela CBF).

Nesse momento, surgem alguns dos grandes nomes da história do Cruzeiro, como Dirceu Lopes, Tostão, Zé Carlos, Piazza e Raul Plassmann. Afinal, bater o Santos de Pelé, a melhor equipe do mundo da década de 60, com uma goleada e outra vitória fora de casa, foi um enredo de filme de cinema para a conquista do primeiro brasileiro.

A partir disso, o Cruzeiro se consolidou como potência nacional, mesmo sendo uma equipe de fora do eixo Rio-São Paulo. Prova disso foi, em 1966, a cessão de Tostão à Seleção Brasileira para a disputa do Mundial na Inglaterra (foi a primeira convocação de um atleta de uma equipe mineira para a disputa da Copa do Mundo). Além disso, 4 anos mais tarde, o Cruzeiro também cedeu 4 atletas para a conquista do Tricampeonato Mundial em 1970.

Atualmente, a equipe celeste continua como o único clube fora do eixo a conquistar o campeonato brasileiro de pontos corridos. Não satisfeito com tal marca, o Cruzeiro conquistou 3 durante essa era.

Voltando ao túnel do tempo, a construção da Toca da Raposa 1 em 1973, a imponência em um estádio com capacidade para mais de 100.000 pessoas e uma história recente vitoriosa, eram fortes indícios de que o Cruzeiro se modernizava e se popularizava entre todas as classes sociais. O clube, sem dúvidas, havia mudado de patamar.

La Bestia Negra, apelido dado por adversários sul-americanos que se curvaram diante do esquadrão 5 estrelas, iniciou sua fama internacional em 1976. O Cruzeiro foi campeão da Copa Libertadores da América, pela primeira vez (e 1ª do estado, como sempre), batendo o River Plate com um gol improvável de Joãozinho na terceira partida da final (3×2), disputada em Santiago.

Já como maior clube de Minas Gerais, o Cruzeiro enfrentou a equipe do Bayern de Munique na final do Mundial de 1976 em busca do primeiro título intercontinental. Contudo, após derrota por 2×0 para os europeus em pleno inverno alemão no jogo de ida, os mineiros não conseguiram reverter o placar no Mineirão (0x0).

Dessa forma, a equipe 5 estrelas entrou em uma época de vacas magras que foi a década de 80. Assolado por uma nova crise financeira, o Cruzeiro conseguiu conquistar apenas 2 campeonatos estaduais e acumulou fracassos nas competições nacionais.

Os anos 90, por sua vez, podem ser considerados os anos de ouro do clube até agora. O Cruzeiro abriu a década vencendo 2 Supercopas em sequência, batendo Racing e River Plate. Logo depois, a equipe mineira faturou a Copa do Brasil, torneio em que é o maior campeão, em cima do Grêmio, equipe com a qual duela pela liderança de títulos desse torneio (6 a 5).

Ainda na década de 90, o Cruzeiro conquistou o bicampeonato da Copa do Brasil (1996) e da Libertadores (1997), além de ter sido vice dos dois principais torneios nacionais e da Mercosul em 1998. Sendo assim, enquanto o Cruzeiro chegava à segunda conquista em diferentes torneios, não havia outra equipe no estado que tivesse conquistado ao menos uma vez tais competições.

Todo esse contexto foi favorável para consolidar o Cruzeiro como a equipe mais vitoriosa e mais popular de Minas Gerais, embora seja um dos clubes mais novos de Belo Horizonte. Além disso, o Cruzeiro consolidou o recorde de público do Mineirão, colocando mais de 130.000 pessoas no estádio (final do Campeonato Mineiro 1997 vs Villa Nova) e deteve o recorde mundial de público médio em uma mesma competição, marca que viria a ser quebrada somente anos depois pelo Borussia Dortmund.

O início dos anos 2000 seguiu o padrão celeste. O Cruzeiro venceu o tricampeonato da Copa do Brasil (2000) em uma virada histórica contra o São Paulo em pleno Mineirão lotado. Logo depois, a equipe celeste teve um ano mágico em 2003, com a conquista da Tríplice Coroa. Sendo assim, o Cruzeiro já somava 6 títulos nacionais, além de 2 Libertadores e 2 Supercopas (sem contar copas sul-minas, copa ouro etc.).

Após 10 anos sem conquistas expressivas, embora tenha atingido a marca de 1 título conquistado por temporada em 15 anos consecutivos (ao lado de Real Madrid e Manchester United) em 2004, o Cruzeiro voltou a vencer um torneio expressivo somente em 2013. O bicampeonato de 2013/14 foi fundamental para a nova geração de Cruzeirenses e consolidou a idolatria de alguns jogadores, caso do goleiro Fábio, hoje recordista de jogos com o manto celeste.

Além disso, em 2017/2018, o clube faturou o bicampeonato da Copa do Brasil, se isolando como o maior campeão do torneio e primeiro/único hexacampeão. Contudo, a equipe/diretoria dessas conquistas não são bem vistas pela torcida, uma vez que também foram responsáveis diretos pelo rebaixamento do clube em 2019.

Hoje, completando 1 século de vida, o Cruzeiro atravessa, sem dúvidas, o momento mais difícil de sua história, com grave crise financeira e péssima execução de planejamento do departamento de futebol, com resultados a quem do esperado e com jogadores de nível técnico muito abaixo do padrão cruzeirense.

Contudo, a força dessa camisa não surgiu à toa, ela foi forjada ao longo de décadas de vitórias, dedicação e compromisso. A torcida do Cruzeiro não pede menos do que isso de presente de 100 anos…

Que 2021 seja uma temporada de reconhecimento de erros, de trabalho incessante e de um final feliz, do qual o Cruzeirense tem sentido falta.

Parabéns ao maior e mais vitorioso clube do estado de Minas Gerais. Muito obrigado por existir, Cruzeiro!

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