50 anos em 5… minutos!

A maior glória pra um time é sempre conquistar o seu campeonato nacional. Ainda mais em países com um futebol tão equilibrado e diversificado como o brasileiro, onde o maior campeão tem apenas 10 títulos, e não mais de 30, como é o caso de países como a Espanha, Itália, Alemanha e outros.

Mas melhor ainda do que conquistar o título nacional, é quebrar tabus e um jejum histórico ao conquistar essa taça, passando por rivais antigos e “zikas” que antes lhe impedia de atingir ao topo.

E a noite de ontem (02) ficará marcada na memória de todo torcedor alvinegro residente em Minas Gerais após a virada do Galo para cima do Bahia. Mas antes de contarmos sobre esse jogo mágico, temos que voltar onde começou essa jornada épica.

O início da caminha alvinegra no Brasileirão 2021 não foi nada tranquila pro Atlético Mineiro. Com uma derrota de virada para a surpresa do campeonato, o Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda, o time mineiro ficou debaixo de inúmeras críticas e desconfianças. Afinal, o badalado elenco que havia se reforçado com Hulk e Nacho Fernandez, tinha acabado de ganhar o estadual após dois empates com o rival América, pelo regulamento de melhor campanha.

Mas logo após isso o time embalou uma curta sequencia de vitórias, até chegar a época de seca. Com um empate em casa diante uma fraca Chapecoense, o Galo acabou derrotado nos dois jogos seguintes, diante Ceará e Santos. Mas isso não abalou o time comandado por Cuca e liderado por Hulk.

A partir daquele ponto, o Galo não parou. Sim, como todo time, derrotas vieram, porém, até o presente momento, o Galo não sabe o que é perder em casa. 15 jogos seguidos com vitória no Mineirão e o reencontro com a apaixonada Massa alvinegra é um dos fatores disso.

E essa épica jornada tinha que terminar em glórias. Porém, na história do clube, épicas jornadas nem sempre possuem finais felizes. Historicamente, o Clube Atlético Mineiro passou por inúmeros problemas com arbitragens, políticos ditatoriais do país e até mesmo coisas inexplicáveis, como o vice campeonato invicto perdido nos pênaltis.

Mas uma hora a estrela do clube teria de brilhar novamente. E esse momento chegou. O jogo não era nada fácil. Um adversário que havia impedido o título na temporada passada, ao vencer por 3×1 de virada. E ainda havia um tabu nesse confronto. O Galo não vencia o Bahia em Salvador há 18 anos. E finalmente, esse tabu foi quebrado.

O primeiro tempo do duelo entre os clubes acabou sendo uma disputa morna, com o time da casa tendo as melhores chances de abrir o placar. Na etapa complementar, não foi diferente, e inclusive, agua mole em pedra dura tanto bate até que fura, já diz o ditado.

O Bahia abriu o marcador e pouco tempo depois, ampliou com o artilheiro Gilberto. Naquele momento, todo atleticano viu um filme passando em sua cabeça, a possibilidade de perder um jogo contra um time da zona de rebaixamento, de perder para mais um tabu histórico, de perder o campeonato de forma inimaginável, assim como tantos outros.

Porém, o time fez vale a alcunha de Galo forte e vingador. E com toda a sua força, a virada veio de forma relâmpago. A estrela maior do campeonato brilhou novamente. Hulk, o super-herói alvinegro estava lá para salvar o time mais uma vez. Mas o nome do jogo acabou sendo o de um baiano, que estava jogando em casa.

O atacante Keno, líder e principal jogador da campanha de 2020, decidiu tudo. Com dois gols relâmpagos em belíssimas jogadas, botou novamente o Galo na frente do placar. O Galo forte fez valer a sua força, e ainda justificou o seu apelido de vingador.

Vingou todos aqueles que passaram esses 50 anos com o grito entalado na garganta, parentes, amigos, familiares e conhecidos que se foram sem ver o Galo sendo novamente, o campeão brasileiro. Todos foram vingados. Todas as injustiças e pedras postas no caminho alvinegro nesses 50 anos de brasileirão, 1977, 1980, 1985, 1987, 1991, 1999, 2001, 2009, 2012 e 2015. Todos foram vingados por Keno. Todos os ídolos que tiveram a taça arrancadas de suas mãos pela ditadura ou pelo árbitro alheio. Vocês foram vingados.

Um placar de 2×0 e um tabu de 18 anos, ambos caíram por terra em pouquíssimo tempo. O jogo já se encontrava encaminhava para a reta final. 27′ do segundo tempo, a torcida do Galo já parecia aceitar a derrota, mas sem perder totalmente as esperanças. Aos 28′ pênalti pro Galo, Hulk na bola e caixa! Aos 29′, Keno aparece com uma linda jogada e um golaço. E nos 32′, a redenção de todo um povo, um sentimento de injustiça foi vingado. Um grito entalado na garganta foi liberto, milhões de pessoas puderam realizar o seu sonho.

Por eles, por todos aqueles que não se encontram mais aqui, por amigos, parentes, jogadores que tiveram a taça arrancada de suas mão.

E como um bom mineiro, não posso deixar de citar um dos grandes de nosso estado, que mesmo torcendo pelo rival, parecia já ter premeditado o que viria no futuro. O ex-presidente do país, Juscelino Kubistchek á havia falado de seu plano de restruturação e modernização do Brasil com apenas uma frase.

E hoje, dia 03 de Dezembro de 2021, um dia após esse acontecimento histórico, eu venho aqui parafrasear nosso ex-presidente. Ele afirmava que o desenvolvimento do país aconteceria de forma rápida, reduzindo décadas em apenas alguns anos.

Mas ele não imaginava que o Galo daria vida a sua icônica frase, e aposto com vocês, ele não esperava que seria em minutos toda essa revolução sonhada, a mudança na história de todo um povo.

Foram, de fato, 50 anos em 5…. minutos!

 

Para toda uma eternidade. Os melhores e mais importantes 5 minutos de todo um povo.

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